quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Na fronteira da campanha

Por quase todo o percurso contemplamos a vastidão de uma região coberta por ondulações suaves, muitos vales rasos, vários cursos d’água, e uma quantidade de imagens que os cultivos agrícolas formam no terreno.
Para chegar a Rosário do Sul transpomos o Rio Santa Maria. Notamos que a pequena largura do espelho d'água deixava descoberto a areia esbranquiçada à margem direita do rio, avistamos a vegetação nativa da mata ciliar preservada, e reparamos que extensas áreas planas estão sendo preparados para o plantio de arroz.
A presença de grandes açudes nos campos, a profusão de capões de eucaliptos, o romper da cadeia de montanhas da Serra Geral ao norte, e o imponente e rochoso Cerro Palomas contrastam com o plano do terreno.
Distante 160km de Santa Maria atravessamos o Rio Vacaquá, um dos limites municipais entre Rosário e Livramento. Encontramos as corticeiras-do-banhado floridas nas várzeas do Arroio do Salso. Entretanto, passamos por três pontes sem descrição dos seus cursos d’água.
A partir da Av. Walter Jobim em Santa Maria, rodamos cerca de 240km durante três horas e dez minutos até a Praça Internacional na Fronteira. Quando chegamos em Livramento estávamos a 500km de Porto Alegre, que é mesma distância que separa Rivera de Montevidéu.
Pela manhã visitamos a feira que acontece todos os domingos na Avenida Cuaro. Locomovemo-nos pelas imediações da Plaza 18 julio, na esquina com a General Artigas.
Percorremos o chão batido da rua Lazaro Gadea para conhecer a casa onde o vapor dos tijolos sendo queimados num forno, indicava o local onde eles são fabricados artesanalmente.
As lojas da Av. Sarandi que estavam funcionando no domingo chuvoso comercializavam seus produtos importados com o câmbio de U$ 1,00 (um dólar) valendo R$ 1,82 (um real e oitenta e dois centavos). À tarde adquirimos dulce de leche e alfajores na única queseria que encontramos aberta, das diversas que existem na Rua Agraciada.
Viajei de carona com o Pedro, e por sua sugestão fomos agradavelmente recebidos na casa do Simon, Anais, Hugo, e da Verônica. Partimos numa tarde quente e ensolarada de sábado, retornamos à noitinha de um domingo nublado.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Azul ventoso


Domingo amanheceu nublado, e continuou ventoso o dia inteiro, mesmo com o romper do sol no meio da manhã. Em Julho quando visitamos o local a terra  era úmida e lamacenta, agora encontrava-se seca e dura.
Os mosaicos desenhados pelo terreno arado demarcavam nas várzeas os plantios de arroz , e nas coxilhas delimitavam o cultivo da soja. Na ampla região podia-se admirar alguma mata nativa, observar vários capões de eucaliptos, e visualizar muitos açudes.
Visitamos um ninhal dentro de um pequeno lago em campo aberto. Percebemos a flexibilidade dos galhos dos sarandís dobrando-se com o vento forte. Os ninhos de palhas presos aos ramos da arvoreta foram tramados pelos garibaldis. Empoleiradas, muitas garças-brancas-grandes aninhavam-se com seus filhotes, em parcas camas de gravetos.
Entrando na mata fomos surpreendidos com os roncos de bugios-ruivos, depois nos deparamos com um pequeno bando movimentando-se pelas copas das árvores nativas.
Caminhando por uma trilha na mata, cruzamos por córregos, registramos alguns troncos castanho-avermelhados de araçás, vimos guabirobas frutificadas, vimos frutos amarelos dos jerivás caídos no solo, também nos defrontamos com espinhos de sucará. Andamos em direção ao local onde tivemos a oportunidade de ouvir pela primeira vez a vocalização do jaó-do-litoral.
A forte vocalização dos tangarás-dançadores foi escutada, logo depois encontramos o pequeno bando com um macho jovem;   identificamos a coloração esverdeada da fêmea, e o “boné” vermelho do macho adulto.
No gramado as delicadas iridáceas, e  os espinhentos gravatás estão floridos. Passamos pelas copas frutificadas dos chais-chais; permanecemos algum tempo em frente aos ramos cobertos de frutos maduros das pitangueiras, à beira da mata nativa.
Partimos de Santa Maria em direção ao horizonte sudeste. Cruzamos o Rio Vacacaí, considerado um dos limites municipais. Ademais, quando andávamos pelo campo percebemos alguns prédios em São Sepé, cidade construída numa coxilha, na margem esquerda do Rio São Sepé. Ambos os rios deságuam no Rio Jacuí.
No segundo domingo de Novembro, um grupo de dez pessoas viajou em direção ao sul do Estado, num passeio organizado pelo Clube de Observadores de Aves.

domingo, 30 de outubro de 2011

Purpúreo Cerro do Loreto

Movimentamo-nos de uma extremidade à outra no topo do Cerro do Loreto para visualizar as matas ciliares à beira dos rios, estradas de chão batido cortando às várzeas, uns açudes e raras habitações, lavouras de arroz sendo preparadas, e poucos veículos cruzando pela ERS 241. Ademais, os fortes roncos de bugios cessaram, e os urubus-de-cabeça-vermelha diminuíram suas exibições quando uma chuva leve começou.
As flores das corticeiras-do-banhado deixam suas copas mais róseas-avermelhadas, os troncos retorcidos tornam os inhanduvás mais cinzentos. Mas, foi o vermelho-purpúreo e o delicioso sabor dos frutos das pitangueiras que motivaram muitas coletas . Como as árvores se encontravam em abundância à beira da mata nativa fazíamos paradas constantes.
No campo aberto verificamos a fisionomia do local para seguir uma direção até o topo íngreme e rochoso do Cerro. A caminhada ladeira acima durou uma hora e quinze minutos. Andamos por uma mata preservada, conseguíamos orientação melhor quando em locais abertos. Descobrimos que não éramos os únicos naquela empreitada. Percebemos vozes desconhecidas no mato, logo nos deparamos com uma pessoa perto de uma rede de fios para sinal de internet. Estava com outro companheiro trabalhando, comentou que os fios seriam conectados a uma antena no alto do Cerro. Por alguns momentos acompanhamos o sentido da rede.
Novamente em campo aberto surgiram mais dúvidas, muitas rochas, cactos e gravatás espinhentos. Acertamos o caminho quando decidimos subir em direção à esquerda do topo, tomando-se como referência o lado oeste do cerro.
De Santa Maria rumamos para a região oeste do estado. À partir do trevo da Av. Walter Jobim com a BR 287 rodamos por esta via 25km até o Rio Ibicuí, 60km para cruzar o Rio Toropi, e depois de rodarmos 100km não passamos o Rio Jaguari, divisa entre São Vicente do Sul e São Francisco de Assis, entramos numa estrada à direita. Conhecemos seu Hélio Flores dirigindo um trator, durante uma conversa ele permitiu o acesso ao pátio de sua casa, e a uma terra arada . Assim nossa chegada foi facilitada num campo perto do sopé do cerro.
Por sugestão do Valter visitamos o local pela primeira vez na manhã nublada do último sábado de outubro de 2011; viajamos 250km de carona no jeep toyota  do Helmut, por sua indicação fomos a São José do Louro; acompanhados pelo Ivan e pelo Marchiori conheçemos o Museu Fragmentos do Tempo, no interior de Mata.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Tesourinhas em campo florido


Caminhamos por um campo amarelado pelas marias-moles floridas para nos aproximar de três tesourinhas. Cruzando por muitas carquejas  encontramos uma perdiz. Os ferrugíneos gibões-de-couro faziam algumas exibições antes de pousar no alto das tunas. Identificamos pombões voando. Visualizamos duas siriemas perambulando por uma plantação de nogueiras.
Fomos em direção ao topo do Morro dos Lagartos. Paramos várias vezes para fotografar um pequeno réptil que é estudado naquela região. Encontramos alguns sobre as rochas desnudas. O tempo que eles permaneceram imóveis foi suficiente para que se fizessem os registros.
Consideramos que o alaranjado nas encostas eram as copas das corticeiras-da-serra cobertas de flores. Ademais, a panorâmica incluía o vale do Campestre do Divino com a Serra de São Martinho, e parte da região oeste de Santa Maria.
Estava um pouco nublado quando percebemos o voo em forma de “V” ou "U", que 61 maçaricos-pretos fizeram em direção ao norte. Ouvimos vocalização de um pitiguari. Fotografou-se um canário-do-campo pousado em fio de cerca. Aproximamo-nos de um balança-rabo-de-máscara numa mata ciliar. Encontramos duas marrecas-irerês num banhado.
As folhas novas da guajuvira a deixaram mais verdejante; enquanto a maioria descansava sob sua copa, alguém do grupo veio nos informar que encontrara dois joões-bobos na mata; encaminhamo-nos para registrar a ocorrência. A falta de luz solar, e a coloração acinzentada da ave, dificultaram a primeira observação que fiz da espécie; dois indivíduos permaneceram pousados por vários minutos nos ramos de uma árvore nativa.

O Clube de Observadores de Aves organizou o passeio; quinze pessoas viajaram em cinco veículos na manhã do terceiro sábado de outubro de 2011. A partir da esquina da Av. Medianeira com   Rua Floriano Peixoto, no centro de Santa Maria, percorremos 12km até a Capela de Santo Antão, na ERS 516; mais 3km para chegar na casa do Paulo, o pai do Antonio, e filho do Seu João, na localidade do Campestre do Divino.
João-bobo (Nystalus charuru ). Nystalus – do grego nustalus = sonolento, inativo, inerte (referência ao comportamento quieto e letárgico desta ave). Charuru – de charurú, nome onomatopaico indígena guarani (Paraguai) para esta ave. Fonte: Aves Brasileiras e Plantas que as Atraem.

sábado, 17 de setembro de 2011

Quinta amarela


Do centro de Santa Maria rumamos em direção ao horizonte leste. Chegamos nas proximidades do enorme açude à beira da RS 287. A vegetação nativa ao longo da estrada formava uma barreira natural que dificultava a observação das garças-mouras aninhadas.
Na região plana de Arroio Grande caminhamos pela estrada asfaltada para registrar um casal de coleiro-do-brejo. Foram vistos no mesmo local da visita do dia 20 de março passado.
O uso de binóculos auxiliava a percepção da cor castanha escura da coroa, garganta e peito que os garibaldis machos possuem. Mas, a identificação foi facilitada quando os enormes bandos cessavam suas exibições nas copas dos angicos-vermelhos frutificados.
No banhado úmido e lamacento, onde se notava os restos do último cultivo de arroz, encontramos um poço d’água no pátio de uma casa de alvenaria abandonados.
Andamos pelas ruas calçadas com paralelepípedos, no centro de Silveira Martins. Almoçamos risoto e salada de alface no restaurante da Praça Garibaldi.
À tarde estivemos na Quinta Dom Inácio, agora desativada. Encontramos as copas dos caquizeiros verdes, e muitas bergamoteiras amarelas com frutas maduras. Depois ziguezagueamos morro abaixo até o riacho com uma cascata.
Tão exuberante o branco das pétalas da pereira quanto delicada a floração das pitangueiras. Entretanto, foi pouca oportunidade para observar que o tié-preto tem no alto da cabeça um detalhe vermelho.
O passeio no segundo domingo de setembro foi organizado pelo Clube de Observadores de Aves.
Tié-preto - (Tachyphonus coronatus), do grego takhuphonos = que canta rápido; do latim, coronatus = coroado. Fonte: Aves Brasileiras e Plantas que as Atraem.