sábado, 14 de setembro de 2013

Corucacas de Cambará do Sul



Campos com vegetação pardacenta, morros descampados com afloramentos de rochas,  fumaças  de queimadas, riachos a céu aberto,  onipotentes  araucárias nas matas nativas, bracatingas floridas com copas amarelas, e poucas residências na paisagem rural de Cambará do Sul.

Pelo percurso sinuoso e íngreme da estrada arborizada de Taquara a São Francisco de Paula vimos que as encostas dos morros estão mais alaranjadas com as  corticeiras-da-serra floridas.
Na esquina da Dona Úrsula com Adail Valim.

Caminhando pelas esquinas encontramos curicaras  na copa de uma araucária no centro da cidade. O Claudiomiro do  restaurante Galpão Costaneira comentou que os moradores da região as denominam corucacas.  
Noivinha-de-rabo-preto.

Numa manhã ensolarada observamos duas noivinhas-de-rabo-preto movimentando-se em campo aberto, ora equilibrando-se em haste frágeis da vegetação de banhado.

Corucaca, curicaca.
À tardinha tivemos a oportunidade de observar pela primeira vez  um gato-do-mato-pequeno em vida livre. Ele estava ao lado de uma porteira de acesso a um plantio de pinus. Houve dúvidas do que poderia ser, seu movimento facilitou a identificação. Em raros instantes tentamos registrá-lo, sem sucesso. Teremos apenas a lembrança de sua  aparição.  Logo foi em direção ao interior do bosque,  subiu no tronco  de um pinus, cerca de um metro, olhou,  desceu, sumiu correndo pelo mato.
Mural localizado na rua Dona Úrsula.
Numa fazenda encontramos o cavaleiro Santo montado na Corruíra, existe há 7 anos,  mula magra com ferradura apenas numa pata.  Enquanto cavalgava fez relatos da aparição de um leão baio, disse ser comum na região, mas observou-o apenas uma vez. Durante  a subida morro acima até a beira do cânion comentou que nasceu na região e conhece o local há quase quarenta anos.

Chegamos em Cambará do Sul vindos de São Francisco de Paula. O acesso pela sinuosa  e horizontal RS 020 mantem-se bem conservada; recordo-me uma visita quando a estrada era de chão batido, e parávamos na localidade de Tainhas para saborear café com pão caseiro.


Araucárias.
Cidade turística com muitas estadias, optamos pela Pousada Paraíso no centro, a mesma que estivemos com grupo de amigos há alguns anos. No desjejum provamos o famoso mel da região, depois vimos espalhadas pelos campos caixas de abelhas da cor da madeira, todas sem pintura.

domingo, 25 de agosto de 2013

Visitando São Sepé


Numa esquina da Rua Cel. Veríssimo.

Embarquei às 10h30min na rodoviária de Santa Maria,  foram sessenta quilômetros viajando por uma planície em direção ao sul. Durante  sessenta minutos contemplamos campo, atravessamos  coxilhas amenas, avistamos açudes, algumas lavouras, pouca mata nativa, um gavião-caboclo pousado, e um bando de maçaricos forrageando. 

Placa do antigo Cinema Alvorada.
Quando cruzamos pela entrada para o distrito de Santa Flora encontramos a paisagem arbórea modificada pelo corte dos pinus. Eles tinham sido plantados há alguns anos no acostamento da BR 392.

A chuva do segundo sábado de agosto alagou as várzeas, inundou os locais onde o terreno está sendo arado para  o cultivo de arroz, encheu os enormes poços no Arenal e quase transbordou as margens do Rio Vacacaí.

Casa que existia na Rua Clemenciano Barnasque.
As ruas da cidade são calçadas com rochas graníticas, algumas pavimentadas há mais de 50 anos. Entretanto, um  lado da Praça das Mercês recebeu um recapeamento asfáltico  entre a Rua Cel. Veríssimo e a Plácido Chiquiti.

A arborizada praça central é circundada por  canafístulas desfolhadas, está ajardinada com guapuruvus  e ciprestes altos, sibipirunas com frutos verdes, uma araucária e um cedro de troncos  avantajados.

Rio São Sepé a montante.
No centro da cidade caminha-se pouco para encontrar uma magnólia verdejante frondosa e cinquentária, e o prédio onde funcionou o antigo Cinema Alvorada, local que pela primeira vez assisti Motorista sem Limites, do Teixeirinha.

Detalhe de uma casa na Rua  Antão de Faria.
Edificaram um prédio novo na Rua Sete de Setembro, numa das esquinas da rodoviária. Notei que  estão trabalhando numa construção na quadra em frente ao Colégio Madre Júlia. Antes das demolições registrei as casas que se encontravam nestes locais e aquela antiga casa que existia na Antão de Farias com Plácido Gonçalves.

Da rodoviária de Santa Maria percorremos  12km até o Arenal, aos 29km atravessamos a ponte sobre o Rio Vacacaí, 36km passamos pela Vila Block, depois de 59,7km chegamos na rodoviária de São Sepé.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Morros do Arroio Grande



Carvalhinho florido

Rodamos por  curvas sinuosas,  cruzamos por trechos com declividade amena, observamos acostamentos arborizados com azaleias floridas e cássias frutificadas,  verificamos trabalhadores consertando uma tubulação nas proximidades da primeira ponte da ERS 511,  contemplamos as várzeas alagadas onde cultivam-se arroz,  e passamos por dois cemitérios  a beira da estrada no percurso asfaltado de Camobi até Arroio Grande.
Cipó-são-joão
 
À tarde caminhamos por um campo gramado para admirar um ipê-roxo centenário com dois troncos avantajados e copa verdejante. Depois movimentamo-nos pela  margem direita do Arroio do Veado para  reparar  a floração alaranjada do cipó-são-joão, e distinguir que os ramos das  embiras e dos carvalhinhos estão  floridos.

Subimos em direção ao cume do Morro da Linha Vaima até a meia encosta onde se encontrava uma plantação abandonada de limoeiros, voltamos depois de comer deliciosas bergamotas maduras. No retorno atravessamos ravinas, transpomos pequenos riachos, e nos deparamos com açudes na parte elevada do terreno.

Rocha e gramado em parte plana perto do morro
Fizemos outras caminhadas pelas cotas altimétricas do primeiro  morro que se destaca à esquerda logo depois da localidade de Arroio Grande. Recordamos um sábado de julho do ano passado quando nos aventuramos pelo mato nativo e por clareiras até a parte plana no topo, também já nos embrenhamos por capoeiras, lavouras, banhados, e córregos em direção a Val de Buia, no último janeiro.
 
Áreas íngremes e rochosas
A neblina acinzentada da madrugada acentuou os contornos horizontais dos robustos morros  com a planície, entrementes a pouca visibilidade intensificou o forte som estridente das saracuras locomovendo-se  a beira dos cursos d’água.

Ipê-roxo centenário
Manhã ensolarada no domingo contribuiu para que notássemos o azul e o branco das gralhas-picaças  voando em grupo, e permitiu que o espelho alar branco identificasse o bando marrecas-pés-vermelho aterrissando num açude; demorou-se um pouco para reconhecer o guinchar do gavião-carijó.
Morro da Linha Vaima 

Da esquina da Rua Floriano Peixoto com a Pasqualini no centro de Santa Maria rodamos para leste, depois de 10km entramos na Rua Valentin Farias de Lima, no Bairro Camobi; aos 17km estávamos em Arroio Grande, chegamos na casa do Josmar depois de 19km.

Os caminhantes Valter, Caroline, Cristina, Daniella, Tiago, e  PF foram agradavelmente recepcionados pelo Josmar e a Deca em sua residência.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Rápido do Passo da Ovelha


Centro de São Martinho da Serra.
Da ponte do Rio Ibicuí seguimos pela estrada do perau velho, observamos vários trechos arborizados, cruzamos por fortes e sinuosas curvas, numa delas ergueram o monumento que lembra os maragatos degolados na Revolução Federalista, verificamos que o caminho está calçado com rochas basálticas deste local até a entrada da cidade. Percorremos toda a extensão da Av. 24 de Janeiro, a principal via urbana com casas centenárias que atravessa São Martinho da Serra; depois seguimos pela estrada de chão batido em direção ao Rio Negrinho. Como surgiram dúvidas na bifurcação em Trindade, na trifurcação da entrada da propriedade onde se localiza o Passo da Ovelha, e na sede da fazenda, voltamos até a estrada principal.

Rápido no Passo da Ovelha.
Procuramos alguém para confirmar onde nos encontrávamos, voltamos até a trifurcação, tomamos a estrada mais à esquerda e logo passamos por um pequeno riacho, entramos na primeira bifurcação à direita; iríamos conhecer o Rincão do Guassupi; logo avistamos dois cavaleiros vindos em direção contrária. Paramos para conversar com o Nelson e seu filho, o primeiro montava um cavalo lobuno preto crioulo chamado perpétuo, o outro andava numa quarto de milha zaina negra; eles residem há vários anos na localidade, relataram que é a primeira vez que cultivam soja numa área de 20ha; indicaram-nos o caminho para o Rio Negrinho; antes, permitiram que abríssemos as porteiras de sua propriedade para visitar as margens do Rio Guassupi; passamos por uma trilha em campo aberto, atravessamos outra no meio da lavoura de soja frutificada com folhas amarelas.  Explicou como chegar na fazenda do Ademar, e falou que conhece o José Luis, que trabalha na propriedade onde se localiza  o Passo da Ovelha; ressaltou que deveríamos nos orientar pela cerca principal até encontrar uma porteira.

Constatamos que a coloração parda, verde ou frequentemente verde-amarelada das lavouras de soja dominam amplas  coxilhas,  e muitas vezes comprimem  a exígua mata ciliar na beira dos afluentes do Rio Guassupi. Como encontramos várias pitangueiras tombadas com suas raízes arrancadas num campo nativo, percebemos que quem prioriza o cultivo daquela leguminosa em vastas áreas considera a existência de qualquer outra espécie arbórea nativa um obstáculo a ser eliminado. 


Lavoura às margens do Rio Guassupi.
Ficamos surpresos com o som do movimento d’água no Passo da Ovelha. Andamos pela pequena margem esquerda rochosa íngreme coberta com  pouca mata nativa, admiramos as vivazes pétalas vermelhas de um angiquinho,  avistamos um  gerivá frutificado, observamos um bando de tiribas-de-testa-vermelha na copa de um pinheiro-bravo alimentando-se silenciosamente de seus frutos.

Durante os deslocamentos admiramos pequenos açudes próximos as propriedades rurais, lavouras de milho com espigas dobradas para baixo, reparamos alguns silos metálicos para armazenar grãos, observamos um imponente gavião-caboclo voando, uma siriema imóvel no topo de uma coxilha, e três-pica-paus-brancos voando em campo aberto.

Estrada de acesso a mata do Rio Negrinho.
Na manhã de domingo partimos do centro de Santa Maria na Rua Comissário Justo esquina com a Silva Jardim em direção a Estrada do Perau;  estávamos em Itaara na BR158 depois de 7.700m;  rodamos 15.300m até os trilhos da Estação Férrea do Pinhal; passamos pelo vilarejo com uma comunidade terapêutica aos 21.190m percorridos; atravessamos a  ponte sobre o Rio Ibicuí, 26.085m;  chegamos em São Martinho da Serra depois de 30.817m; nos dirigimos até uma  bifurcação à esquerda para Trindade, aos 34.972m; outra bifurcação à direita, 36.701m; conhecemos a localidade de Trindade, 43.550m; na trifurcação dobramos a primeira à direita, 45.878m; a sede da fazenda está a 48.884m; para contemplar o Passo da Ovelha, Rio Negrinho percorremos 49.079m, que pode ser localizado  nas coordenadas geográficas: 29 24’ 42,58”S – 53 52’48,57”O.