segunda-feira, 27 de julho de 2009

Pelas margens de Tavares

Quinta-feira, 05 de Abril de 2007.

Pela primeira vez visitamos a Lagoa do Peixe, Mostardas e Tavares. Embarquei no microônibus que locamos quando ele estacionou na     esquina da Rua Conrado Hoffmann com a Rua Gal. Neto por volta das 23:00 h. Seguimos pela RS 287. Paramos no restaurante Casa Cheia. Mesmo fechado conseguimos acesso ao banheiro. Entrementes, o Valter tomou café preto. Em Canoas cruzamos por ruas vazias. Às 03:20 h passamos pela Estação Anchieta do Trensurb. Na Capital entramos na Av. Ceará. Percorremos a III Perimetral. Rumamos para Viamão. Uma parada no pedágio da Ecovias, a 40km de Capivari. Nessa cidade entramos na BR 101. De manhã cedo visitamos Mostardas . Chegamos em Tavares às 07:50 h. O Batista e a Sandra nos aguardavam no hotel. Tomamos um excelente café da manhã. Mais tarde embarcamos num ônibus com janelas laterais abertas sem vidros para um passeio na Lagoa do Peixe. Na estrada de chão batido desembarcamos perto de uma ponte de madeira, e fizemos uma caminhada pelo banhado. Observamos ao longe elegantes flamingos; contamos dezessete. Próximo a praia o ônibus atolou numa duna ao lado de um córrego que desemboca no mar, nas imediações de um pequeno vilarejo; ali não existe energia elétrica. Tentamos empurrar o ônibus, sem sucesso ! decidimos caminhar pela praia em direção ao farol, enquanto o Batista e o Tadeu resolviam a questão; providenciaram outro ônibus para nos levar. Chegando no Farol Mostardas conhecemos um faroleiro; subimos os ditos 160 degraus nos 42 m (!)de altura do farol. Ele foi inaugurado em 1894 , e reconstruído em alvenaria em 1940. Num dia de céu azul com nuvens brancas vimos lá de cima todas as casas da localidade. Muita praia, e um mar com água fria. Descemos e embarcamos no ônibus , então desatolado. Voltamos. Andamos pela praia até a Barra da Lagoa. Vimos os maçaricos que migram do Canadá voando rápido sobre as ondas. Caminhando pelo canal de ligação do mar com a Lagoa do Peixe, conhecemos a Barra da Lagoa. Ali em períodos de estiagem o vento desloca areia fechando o canal, separando o mar da Lagoa; posteriormente é aberto com máquinas para facilitar a entrada dos camarões. Retornamos ao hotel;  almoçamos na fazenda do Batista, distante 11km ao sul de Tavares; próxima a Laguna dos Patos. O almoço estava maravilhoso, delicioso; comemos camarão à baiana, camarão com molho branco, lasagna de camarão, camarão frito, todos excelentes; acompanhados por mandioca cozida, batata-doce-amarela. Mais tarde passeamos. O Josmar, a Eusa, o Ivan, o Helmut, e o PF, andaram em dois cavalos que o pessoal da fazenda encilhou; o  Valter disse contente que foi a primeira vez que montou num cavalo; passeamos numa charrete;  a Silvana subiu numa figueira enorme. Por volta das 17:00 h andamos na beira da Laguna na localidade de Ronda; muitas figueiras frondosas, cheias de barbas-de-pau pendentes em seus ramos. Descobrimos um brinquedo: subir e descer correndo pelas dunas. Saimos dali às 19:00 h, e quinze minutos depois estávamos no hotel em Tavares.

Levamos de Santa Maria alguns alimentos, que por fim não cozinhamos conforme tínhamos previsto. Na janta a Cristina preparou um sanduíche aberto com molhos e tomates cerejas. Assistimos ao vídeo sobre a Lagoa do Peixe. Muitos foram deitar cedo. Os quartos são novos e confortáveis.

Sábado, 07 de Abril de 2007.

O dia amanheceu um pouco nublado. Acordei antes das 07:00 h para caminhar na Avenida 11 de Abril, em frente ao hotel. Perto dali um engenho em funcionamento, no telhado muitos pombos-domésticos e algumas curicacas. Depois do substancial desjejum nos preparamos para visitar o Farol Cristovão Pereira. Às 08:40 h embarcamos num ônibus preparado pra enfrentar os futuros atolamentos nas estradas arenosas e úmidas. Nos acompanharam o Misael, de São Borja e a Silvia; ela uma Argentina que reside em Porto Alegre. Inicialmente andamos no asfalto em direção à Mostardas. Depois por um caminho de areia e lama. Entramos na estrada do Rincão; antes da Lagoa do Somidouro paramos para ver toda aquela área plana sem fim. Muitos pássaros pretos voando sobre as lavouras de arroz; o gado pastando no banhado; dois tachãs adultos e cinco filhotes, maçaricos, garças, noivinhas. O Ivan, o Josmar, o  Helmut, e a Neci caminharam por uma estrada  reta. Entramos em um campo aberto por uma estradinha até a praia da Laguna dos Patos e ao farol. Por volta das 10h00 aconteceu o segundo atolamento. Ao todo atolaríamos mais duas vezes. Desembarcamos. Ficamos ali tentando retirar a roda do eixo trazeiro que cada vez mais enterrava-se no barro escuro. Decidimos ir caminhando. Novamente o Batista e o Tadeu, experientes no assunto foram buscar auxílio. Enquanto andávamos pelo campo avistamos a imagem branca do farol, tivemos a impressão que estávamos próximo. Mas, quando chegamos na margem da laguna ele parecia estar cada vez mais distante. Passamos por uma grande plantação de pinus. Vimos pessoas num acampamento com barracas armadas embaixo das árvores e alguns carros estacionados ao lado. O Daniel, a Adéli, a Martha, a Caroline, o Misael, a Silvia e o PF caminharam juntos. Era 11:15 h, quando de repente olhamos para traz e avistamos um vulto branco locomovendo-se; era o nosso ônibus; embarcamos, seguimos encontrando pelo caminho as demais pessoas do grupo. Saimos da trilha na margem da laguna e entramos numa estrada dentro dos talhões de pinus. Pelo que me recordo o Batista disse que está proibido mais plantios na região. Apesar do sol muito quente passeamos por uma enorme duna. Novamente uma estrada muito arenosa  com voçorocas, eis que nos deparamos com mais atolamento; agora de uma roda dianteira. Vários minutos tirando areia debaixo da roda e colocando madeira para o ônibus dar ré; até que saiu; usando muitas toras de pinus cobrimos os buracos no trecho na frente do ônibus. Saimos dali por volta das 12:20 h. Estava nublado quando chegamos no Farol. Construído em 1858 numa ponta da laguna encontra-se com suas aberturas de acesso lacradas. Sentamos e vimos as águas baterem nas rochas que formam uma área cercada ao seu redor. Permanecemos ali das 13:10 às 13:30 horas; vinte e cinco minutos nos separavam de uma caminhada até onde o ônibus ficou estacionado. Retornamos pelo mesmo percurso. Numa certa altura paramos para que o Valter falasse da programação combinada anteriormente com o Batista e o motorista. Estava previsto o almoço depois da visita ao Farol Cristovão Pereira. Devido ao adiantado da hora, 14:10 h , ele levantou a questão que originou dois palpites: voltar para Tavares e almoçar, ou lanchar e seguir direto para visitar o Farol Capão da Marca; depois de alguns minutos de dúvidas a Caroline foi quem resolveu tudo com uma pergunta: quem queria ir almoçar ? quem gostaria de seguir direto para  o outro farol ? decidimos pelo farol. O ônibus estacionou perto do Capão da Marca ao lado de um canal que desagua na Laguna. Para atravessá-lo a pé procuramos locais que o nível d'água fosse até a altura dos nossos joelhos; nas partes mais rasas onde podíamos ver a areia no fundo notamos que a água tinha uma cor de ferrugem. Era 15:55 h quando chegamos no farol construído inicialmente de madeira em 1848; tem 16 metros de altura e foi reconstruído em metal no ano de 1898. Subimos pela escadaria cheia de fezes secas, com mal cheiro e muitas abelhas mortas. Da localidade o Valter, o Sérgio e o Misael decidiram caminhar pela margem da laguna até a fazenda do Batista. Às 16:35 h estávamos no hotel em Tavares. Depois nos encontramos com eles na estância da laguna. O Helmut e a Neci fizeram um carreteiro na janta. Enquanto cozinhavam, comemos muitos camarões assados na chapa e temperado com gotas de limão. Também nos alimentamos com uma saborosa mandioca cozida e misturada com cebolas fritas preparados pela Eusa e o Ivan. Mais cacetinhos, salada, vinho. Um músico da cidade cantou e tocou violão. Tudo isso aconteceu no galpão de chão batido da fazenda. Lá fora o Vandi carneou um cordeiro e nos auxiliou muito naquilo que não esperávamos que acontecesse, apesar das inúmeras mensagens que a Lara enviou pelo celular para Martha comentando a dificuldade que passaram para trafegar pelo trecho lamacento da fazenda até a estrada asfaltada. Começamos o retorno às 01:30 h. Saimos com o micro da estância sem dar muita importância para chuva que caiu durante a noite. Entramos na estrada arenosa. Sem saber nos encaminhávamos para o quarto atolamento da viagem a Tavares. O micro derrapou e enterrou a roda direita da frente;  começou a deslizar para o lado da estrada que tinha um canal cheio d'água; ficamos ali até 02:30 h. Chegou um tratorista para rebocar: primeiro tentou puxar o micro pela trazeira, não deu certo; fez uma manobra pelo campo e estacionou na frente. Todas as tentativas de desatolar enterravam ainda mais a dianteira do micro, deslizando a trazeira para o lado do canal cheio d'água, que para ajudar tinha um fio de cerca; como ninguém sabia se o dito estava ligado em eletrecidade ou não... Foram providenciar outro trator; colocaram um trator na frente do outro; ambos patinaram fazendo força e o micro se movia o suficiente para se atolar mais. Devido ao adiantado da hora e os esforços insuficientes, apesar de toda a dedicação abnegada dos tratoristas, pelas 04:10 h decidimos ir embora. O Ivan e o PF auxiliaram a Martha, a Caroline, a Cristina, a Adéli, o Daniel, evitando que alguém caísse na valeta embarrada. O Valter carregou a Caroline. O motorista disse que durmiria ali para cuidar do veículo. O Valter telefonou para o Batista que prontamente veio nos buscar. Fomos deitar pelas 05:00 h. Eis que logo o motorista surge pelo corredor do hotel dizendo que depois que viemos embora conseguiram desatolar o micro usando uma pá para tirar o barro liberando as rodas dianteiras.

08 de Abril de 2007.

Domingo amanheceu ensolarado com nuvens brancas na imensidão azul. Fizemos as contas no Hotel Parque da Lagoa.

Café de sexta-feira custou R$ 5,00; o pernoite com desjejum saiu por R$ 30,00; o passeio de ônibus custou R$ 250,00; os tratoristas cobraram R$ 120,00; o cache do músico foi R$ 60,00; na janta do Helmut gastamos R$ 90,00; o almoço na estância  foi R$ 15,00; e pela  locação do microônibus  pagamos R$ 1.560,00.

Às 12:35 h demos início a viagem de retorno. Paramos em Mostardas para almoçar no restaurante Edmundo's, na Rua Bento Gonçalves, 906, a uma quadra da praça central da cidade. Visitamos a igreja e o calçadão Chico Pedro. Vimos as casas antigas da época da colonização açoriana. No almoço: massa com molho de camarão, molho de camarão, peixe papa-terra com molho, salada com alface, tomate, couve-flor.

Andando pela BR 101 vimos ao longe no horizonte a chuva chegando. Apreciamos de um lado da estrada muitas lavouras de arroz sendo colhidas com as máquinas colheitadeiras em funcionamento. Observamos um joão-grande parado no banhado; muitas palmeiras num campo plano. Passando entre Capivari e Viamão, na localidade de Águas Claras nos deparamos com um arco-íris, assim: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul e violeta.

Cronometragem:
Tavares, 12:35 h + 27km = Mostardas, 13:00 h; + 2km = saída de Mostardas, 14:30 h ; + 125km= Capivari,16:30 h; + 55km = Viamão 18:20 h; + 17km= POA, 18:50 h (Av. Bento Gonçalves com a Av. Salvador França); + 8km = posto esso em Porto Alegre, 19:15 h; + 127km = restaurante casa cheia, em Venâncio Aires, das 20:55 às 21:30 hs; + 168 km= Santa Maria na Rua Geraldo Aronis, 23:55 h.

Quase doze horas viajando rodamos  529km.

O Valter entrou contato com a pousada, combinou os passeios com o Batista, organizou o roteiro e agendou o microônibus.
Os viajantes Silvana, Deca, Cristina, Martha, Lara, Emocir, Sérgio, Neci, Daniel, Eusa, Adéli, Helmut, Valter, Ivan, Josmar, Caroline, PF.

domingo, 26 de julho de 2009

Nas coxilhas do Rio Ibicuí

Sexta-feira, 07 de Setembro de 2007.

Viajamos para Manoel Viana em três veículos; fui acordado pelo ruído do telefonema que recebi da Neci; tinha ido dormir às 02:00 h; e ainda era noite quando o Helmut
passou na rua Conrado Hoffmann às 06:20 h da manhã. Por sugestão do Helmut saimos cedo para conhecer o Museu Fernando Ferrari, em São Pedro do Sul; o agendamento que ele fizera com a Tania Cabral nos permitiu realizar uma visita monitorada; ficamos sabendo um pouco mais da vida pública do político nascido naquela cidade. Fomos até o trevo para encontrar os demais do grupo. Às 10:25 h, depois de rodar pela BR 287 cerca de 107km, cronometrados a partir da Cohab Tancredo Neves, entramos numa estrada de chão batido; paramos em três locais diferentes para pedir informações aos moradores sobre qual direção seguir para a fazenda do Salvador Lamberty; rodamos 11km. Manhã com céu encoberto, sem sol; fomos recebidos por ele, sua filha e o namorado dela; estavam nos aguardando porque o Helmut havia agendado a visita. Faz 23 anos que o Salvador mantem um bosque com árvores de diversas partes do Brasil e do mundo. Deliciamo-nos com laranjas de parnaso, bergamota do japão, uma laranja com suco vermelho; encontramos uma ramada com maracujás verdes, passamos por um pé de azeitona-do-ceilão; vimos um jequitibá, um bacupari, um pé de pitanga branca. conhecemos jambo-rosa-do-ceilão. O Salvador descreveu os cuidados necessários para o desenvolvimento de cada espécie. Ficamos ali entretidos por uma hora. Surgiu sol quando terminamos o passeio por volta das 12:55 h. Voltamos para BR 287, e às 14:00 h estávamos em Manoel Viana. Entramos na cidade. Rumamos por uma estrada de chão batido. Andamos 11km por  vastos campos, topos ondulados, corrégos nas partes baixas, com gado ou lavouras.

À tarde caminhamos em campo aberto até o mato na margem do Rio Ibicuí, na localidade de Pirajú. Visualizamos um banco de areia no meio do rio, semelhante a uma pequena ilha; ali repousam e nidificam aves migratórias como tralha-mar e a batuíra-de-coleira. Quatro pessoas hóspedes da pousada caminharam conosco; num certo momento fomos atormentados por grupos de centenas de pequeninos insetos que voavam sobre nossas cabeças; pareciam mosquinhas. apanhamos ramos de um arbusto para afugentá-los. Chegamos na margem direita do rio, diz- se direita ou esquerda por tomar-se como referência o sentido da nascente em direção a foz;  percorremos uma trilha dentro do mato, subindo e descendo pelas dunas. Não esquecemos a aventura do Helmut nadando rio abaixo até a praia da ilha. O Valter, o Josmar, o Eduardo e o PF, também aliviaram o cansaço com um banho na água fria. À tardinha andamos de barco. Encontramos outras pessoas acampadas no mato à beira d'água perto de um galpão de madeira; eles eram conhecidos do Elesbão que vieram de Tucunduva; mostraram os pintados que tinham pescado. Noutro dia um deles comentou que suas redes armadas no rio perto de Manoel Viana foram furtadas.

Voltamos para jantar. Jogamos futebol no campo gramado da sede da pousada. A fazenda fora reformada há seis anos para receber hóspedes durante o verão em quartos de alvenaria com banheiro; no pátio ampla sombra das copas canafístulas altas, e das palmeiras plantadas em frente aos alojamentos da sede.



O dia seguinte amanheceu com intenso sol alaranjado, ou avermelhado, no horizonte; semelhante ao colorido do por do sol da tarde anterior. Fui passear. Observei dez emas ariscas caminhando quando percorria um trecho de estrada no meio de uma lavoura de linhaça; é a primeira vez que vimos um plantio de linhaça, e disseram que é a primeira vez que esta planta é cultivada ali. Depois de tomar café fomos de carro a Manoel Viana. Passamos na casa do Euclides. Ele nos ciceroneou na visita ao Cerro do Tigre. Atravessamos a ponte Gal. Osório construída em 1950 sob o Rio Ibicuí, na RS 377. Chegamos no Cerro depois de rodar 19km da cidade e 33km da pousada. Disseram ser Curupi a árvore que estava sem folhas, e possuia fissuras longitudinais no tronco semelhante aquelas da corticeira-do-banhado; a mesma árvore que vimos ontem ao longo da BR 287, e ninguém conhecia. Andamos pelo topo do Cerro; cruzamos a ponte de pedra. Sob sol quente uma paisagem com morros, e uma planície coberta por pequenas matas ciliares ao longo dos rios; alguns plantios de aveia; o gado nos campos. Durante a descida observei quatro gaviões, enquanto voavam notei que tinham listra branca na base das penas da cauda, penso ser o gavião-caramujeiro. Visitamos o Arroio São João, no limite de Manoel Viana e Alegrete; ali uma pequena usina hidrelétrica perto do Tigre, a antiga estação férrea de Manoel Viana.

Por volta das 16:30 h descemos até o Rio Ibicuí; passeamos de barco no mesmo local do primeiro dia. Como o barco tem capacidade para 5 ou 6 pessoas, algumas foram caminhar no banco de areia no meio do rio. Observamos alguns tralhas-mar numa futura temporada de nidificação;  ali uma pequenina ave, que corria rapidinho e parava, corria e parava, semelhante a batuíra-de-coleira.

Já era noite quando saimos do rio. Alguns voltaram de jeep, outros de carro. A Eusa, o Ivan e o PF caminharam por um pequeno trecho na estrada de chão do meio da lavoura de linhaça, e correram por vinte minutos até chegar na pousada.

Domingo amanheceu com sol. Depois de tomar café o Valter, Neci, Helmut e a Eusa conheceram o Arroio Cunha, afluente do Rio Ibicuí. O Josmar, a Deca, a Silvana, e o Eduardo viajaram para Nova Esperança do Sul; visitaram o Edson, irmão da Deca que reside em Jaguari. O Ivan ficou descansando. A Caroline, a Cristina, a Ana e o PF andaram pelo pátio da pousada em cavalos magros, velhos e mansos.

sábado, 25 de julho de 2009

Taim em Julho

28 de Julho de 2005.

Partimos à noite com temperatura agradável. No percurso muita neblina. Às 07:16 h entramos na BR 158; chegamos em  Pelotas às  11h10min no trevo da BR 116 com a BR 392. Observamos a rodoviária alaranjada. Uma bela manhã ensolarada. Atravessamos o canal de Santa Barbára. Passamos pelo centro da cidade e fomos conhecer a Charqueada São João; visitamos a sede acompanhados por um guia. Almoçamos. À tarde colocamos coletes salva-vidas alaranjados para passear de barco pelo Arroio Pelotas; notamos construções de antigas charqueadas abandonadas; observamos um cardeal-do-banhado pousado na vegetação arbustiva. Voltamos. Fomos no centro conhecer o Parque Museu da Baronesa; nas suas dependências,  vimos os vestuários, móveis, fotos antigas, cozinha, piano, salão de baile, jardim interno com reservatório d'água. Mais tarde, na Av. Bento Gonçalves passamos em frente ao estádio de futebol do Pelotas. Nos arredores da praça central muitos prédios antigos: o Mercado Público, o prédio da prefeitura, o Teatro Guarani, e o Teatro Sete de Abril. Caminhamos pelo calçadão, e visitamos a igreja São Francisco de Paula. Chegamos à noite no Laranjal com pouquíssimas pessoas nas ruas; caminhamos na praia vazia, e andamos num trapiche de madeira. Depois em Rio Grande procuramos o Hotel Paris, na Floriano Peixoto, 112, na parte antiga da cidade; ele foi construído no início do século passado; tem uma escadaria de acesso ao primeiro andar; dormimos em um quarto confortável, banheiro limpo, com sacadas para rua. Saimos para jantar; nos surpreendemos com a onipotência do antigo prédio da Alfândega no caminho até o restaurante Plaza Grill. Contemplamos um enorme eucalipto, onde uma placa indicava que fora plantado em 1877. Na manhã seguinte às 09:30 h entramos num barco próximo ao prédio da alfândega, trinta minutos depois desembarcamos em São José do Norte. Da barca  avistamos a parte antiga de Rio Grande; potentes navios ancorados. Algumas gaivotas acompanhavam nosso passeio. Em São José agendamos almoço no restaurante Brisamar; entramos na igreja, subimos até o mezzanino. Procurávamos aventura; alguém sugeriu uma visita a praia do mar grosso. Fomos conversar com alguns charreteiros; solicitamos o serviço de duas charretes; numa embarcaram o Ivan, a Eusa, a Silvana e o Daniel; noutra o Josmar, a Deca, a Martha e o PF foram conduzidos pelo Iuri, e puxados pelo cavalo cigano. Partimos às 10:40 h; andamos por uma estrada arenosa; na vinda os cavalos cansaram. Às 11:20 h visualizamos a praia;  ficamos alguns minutos caminhando pelas  areias de uma praia com poucas casas. No retorno nossa charrete ia na frente, e num determinado momento olhamos pra traz e vimos o Ivan correndo ao lado da charrete para não deixar o cavalo ainda mais cansado. Então nos demos conta que todos deveriam fazer o mesmo: caminhar !!! O almoço no Brisamar foi maravilhoso, com uma variedade de pratos com frutos do mar. Mais tarde embarcamos numa scuna que o Helmut havia providenciado. Visitamos o porto novo com aqueles gigantescos navios, e os enormes guindastes. Cruzamos perto da ilha da pólvora. Conhecemos a biblioteca Pública de Rio Grande . Depois rumamos para um por do sol nos molhes da barra - um trilho num caminho calçado ladeado por grandes rochas de tamanhos irregulares. Levamos uma hora e meia para percorrer ida e volta o trajeto de 4,2km. Partimos às 16:30 h em direção ao Taim. Paramos no mercado Alvorada na Vila da Quinta, em Rio Grande, o Ivan comprou carne. Era noite quando chegamos na Estação Ecológica do Taim. Fomos recepcionados. Tinhamos que cozinhar. Antes assistimos ao vídeo sobre fauna e flora do banhado. Muitos auxiliaram a Cristina no preparo da inesquecível massa com molho de camarão. Por volta da 01h fomos dormir. O sábado amanheceu ventoso e com nuvens; sol fraco; caminhamos por uma trilha no mato nativo com frondosas figueiras-de-folhas-miudas. No banhado observamos tachã, garça-branca-pequena, joão-grande, pardais, vira-bosta, bem-te-vi, martim-pescador, maçarico;  gado pastando e uma capivara. Na Vila do Taim caminhamos pelas falésias da Lagoa Mirim. O Helmut, o Josmar e o Ivan assaram peixe no almoço. O PF cozinhou arroz integral e lentilha. À tarde visitamos a trilha do tigre em direção a Lagoa. No caminho muitos coscorobas, alguns cisnes-de-pescoços-pretos, caracará, carrapateiro, chimango, maçaricos, marrecas-irerê, e um tigre-d'água na estrada. Em frente a Lagoa, num local muito calmo nos deparamos com uma tropa de cavalos correndo, e um barco com dois pescadores. Deitamos na grama, e aguardamos o por do sol. No retorno paramos para observar  linhas pequeninas no céu, quase imperceptíveis, formada por milhares de maçaricos-pretos em revoada; foi o ponto alto das nossas lembranças. Voltamos e procuramos um local no asfalto que pudéssemos estacionar e descer para continuar apreciando essas aves. Seguimos viagem. Por volta das 18:45 h nos dirigimos para Piratini. O Valter tinha agendado pernoite no Hotel Garibaldi. No domingo pela manhã fomos ciceroneados por uma guia pelas ruas históricas da cidade. Conhecemos o prédio que foi a sede do antigo governo. Entramos no Museu Farroupilha. Vimos a sede do jornal O Povo. A cidade está situada numa região de amplas coxilhas. À tarde conhecemos o Castelo de Pedras Altas. Rodamos 35km por estrada de chão. Uma neta do Joaquim Francisco de Assis Brasil nos conduziu pelo Castelo; uma volumosa biblioteca; fotos antigas; presentes recebidos por ele em suas viagens pelo mundo. Passeamos pelo pátio; conhecemos o kauri, uma árvore da Nova Zelandia. Era noite quando partimos para Santa Maria. Pelo odômetro do microônibus rodamos 1.270km. Maior parte das estradas asfaltadas em bom estado de conservação. Trechos sem muita qualidade: Santa Maria até São Sepé; 37km com asfalto ruim da RS 702 de Piratini a BR 293; 35Km de estrada de chão batido de Pinheiro Machado ao Castelo de Pedras Altas.

Custos:
Pagamos para a locação do microônibus R$ 1.418,00; o almoço e o passeio na fazenda São João custou R$ 30,00; o ingresso no museu da baronesa foi R$ 1,00; jantamos por R$ 10,00 no restaurante plaza gril; o Hotel Paris cobrou R$ 20,00; a passagem da balsa de Rio Grande a São José do Norte  custou R$ 1,70;  o passeio de charrete  de São José do Norte a praia do mar grosso saiu por R$ 15,00;  almoçamos  no Brisamar por  R$ 15,00; o passeio de  scuna foram R$ 5,00; para o pernoite no  Hotel Garibaldi cobraram R$ 20,00; jantamos em Piratini por R$ 6,00, e almoçamos por R$ 10,00; a visita ao Castelo mais R$ 13,00.

Os viajantes: Daniel, Silvana, Helmut, Neci, Ivan, Eusa, Valter, Cristina, Caroline, Martha, Josmar, Deca, PF.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Campos de São José dos Ausentes

Quinta-feira, 27 de Julho de 2006.

Garoava na manhã de quinta-feira quando partimos para os Campos de Cima da Serra. V
oltamos no domingo, numa noite fria e estrelada de lua crescente.
Embarquei no microônibus quando ele estacionou na Rua Gal. Neto esquina com a Rua Conrado Hoffman. Seguimos pela RST 287. Paramos no restaurante Casa Cheia em Venâncio Aires por trinta minutos. Mais adiante, por indicação do Saulo chegamos na Casa da Cuca, em Portão. Ali comemos maças desidratadas. Na cidade de Taquara vimos uma ciclovia bem sinalizada no centro de uma avenida. Seguimos para São Francisco de Paula por uma estrada sinuosa cheia de curvas serpenteando morros. Alguns trechos pareciam túneis verdes de árvores nativas. Surgiu sol quando estávamos chegando nessa cidade. Nos dirigimos até o Km 64 na RS 235 para visitar a fazenda do Sebastião. Antes de entrar na porteira o motorista do microônibus foi manobrar no acostamento e derrapou, porque disse-lhe que poderia seguir que não haveria problemas. Dica incorreta. Atolou !!! Tivemos que descer para empurrar. Era 16:50 h. Entramos. O microônibus ficou estacionado numa parte elevada do terreno. Caminhando pelo campo úmido visualizamos um bosque de pinus e um vale. Conhecemos o gado franqueiro com suas enormes aspas. Andamos até o topo de uma coxilha onde foi construída uma bela casa de alvenaria; entretanto foi numa agradável cozinha do galpão de madeira que fomos recepcionados. O Sebastião nos aguardava com um fogo de chão. O Helmut fez um carreteiro. Jantamos com alface, queijo e vinho. Sentimos o vento frio entrando pelas grandes aberturas na parede, espaços amplos de um pé direito alto. Por ali nossos deslocamentos eram guiados por uma linha tênue de luz. Muitos pinhões cozidos em fogão à lenha na cozinha . Muitas poesias nas paredes. E com toda aquela penumbra o Daniel encontrou um quadro com poesias do seu tio José Hilário, que a Deca leu-a com velas acesas. Ouvimos o Sebastião falar sobre os primordios da ocupação da Região pelos Portugueses. Descreveu seu gosto pela tradição, pela música e pela poesia. Comentou sobre a sua amizade com o poeta João da Cunha Va
rgas. Disse que ele nasceu em Alegrete, viveu 80 anos, e faleceu nessa cidade em 1980. Falou que gravou suas poesias em fita cassete, e que a partir dela, o Vitor Ramil musicou algumas letras. Para nós declamou "Querência". Ressaltou sobre aqueles que acredita serem os quatro grandes da poesia do Rio Grande do Sul, João da Cunha Vargas, José Hilário Retamoso, Aureliano de Figueiredo Pinto e Jaime Caetano Braun. Falou algo sobre o Antonio Manoel Velho, um dos precursores da Região. Ficamos sabendo que a origem da palavra Ausentes, - que dá nome a cidade-, é devido antigos proprietários de terras, que após sua morte ninguém reclamava posse. Nos preparamos para ir embora. Embarcamos, mas o micro não conseguia partir estrada acima lotado conosco. Descemos. Caminhamos sob uma abóbada estrelada. Subimos no veículo e andamos até a porteira que se encontrava fechada com cadeado e corrente. O Valter ligou para o Sebastião. Prontamente ele veio abrí-la. Embora ser um percurso mais longo, ele sugeriu que fossemos por Bom Jesus e não por Cambará do Sul. Tinha chovido e as condições da estrada estava mais difícil. Era 21:35 h. Fomos em direção a Tainhas. Rumamos para Bom Jesus. Na RS 110 andamos em meia pista em alguns trechos devido aos trabalhos de asfaltamento com muitas máquinas estacionadas. Às 00:30 h chegamos numa avenida de Bom Jesus. Paramos para solicitar informações sobre qual direção seguir. Saimos da cidade, andamos mais um pouco, e novamente mais dúvida noutra bifurcação da estrada de chão. O Valter ligou para o proprietário da pousada. O Dalvone nos orientou. Às 02:35 h estávamos na Fazenda Pousada dos Ausentes. Eles nos aguardavam com um lanche em um ambiente aquecido com uma lareira acesa.

Cronometramos o percurso de Santa Maria a São José dos Ausentes:

09h40min, Santa Maria. 10h24min, HUSM. 11h50min, pedágio em Candelária. 12h06min, Trevo de Vera Cruz. 12h30min, pedágio em Venâncio. 12h50min, restaurante Casa Cheia. 13h55min, BR 386, trevo para Montenegro. 14h30min, pedágio em Portão. 14h35min, Casa da Cuca em Portão. 15h20min, pedágio em Novo Hamburgo. 15h40min, Parobé, fabrica da Azaléa. 15h50min, na ciclovia de Taquara. 16h35min, RS 020 com RS 235, para Canela. 16h50min, Km 64 na RS 235 na entrada da fazenda do Sebastião. 21h35min, saimos do galpão. 22h00min, asfalto na RS 020. 22h50min,Tainhas. 23h12min, RS 110 para Bom Jesus. Depois de 19km de asfalto ruim. 00h35min, Bom Jesus. 02h35min, Fazenda Pousada dos Ausentes, depois 41km de estrada ruim de chão batido. De acordo com o odômetro do microônibus rodamos 545km.

Sexta-feira, 28 de Julho de 2006.

A maioria conheceu o local pela primeira vez. Pela manhã visitamos a cidade antes de ir ao Pico do Montenegro com seus 1.403 metros, distante 40Km ao norte da cidade. Abastecemos o microônibus no Posto Petrocesa ao custo de R$ 2,09 o litro de óleo. O veículo teve problemas com o filtro de ar. Falamos com um morador chamado Sérgio Santos, ele indicou a estrada que deveriamos ir. Comentou sobre a gravação de uma novela no Cachoeirão dos Rodrigues. Seguimos. No caminho paramos na localidade chamada Silveira. Observamos a carneação de um charolês, e registramos as enormes aspas de um gusera no galpão na casa do Dirlei. Cruzamos uma ponte de um riacho com águas corredeiras. A vastidão da paisagem com amplos campos entremeados de rios, muitas coxilhas, e verdejantes matas de araucárias começou a nos surpreender. Pouco antes de encontrar o Pico, desembarcamos, e caminhamos pelo campo. O Ivan, o Helmut, o Sérgio, o Valter,  o Josmar e a Deca  andaram morro acima até o topo, contornando ora por um capoeirão, ora por trilha no meio de arvoretas e arbustos tortuosos em terra úmida. Mais atrás foram o Saulo, a Martha e o PF. Era 13h55min. Lá de cima vimos neblina sobre o canion e campos limpos. No retorno paramos na pousada Fazenda Montenegro na beira da estrada. Vimos tocos de araucária sendo usados como bancos no gramado, palas de lã secando na cerca e um cavalo tordilho deitado. Como ainda tinha o sol da tarde voltamos para conhecer o Cachoeirão dos Rodrigues. Durante o percurso paramos na estrada perto de um riacho onde alguns homens estavam trabalhando no conserto de uma ponte. Pregavam uns pranchões de madeira. Conversamos. Permitiram que déssemos algumas marretadas. De ambos os lados carros, e um caminhão carregado com toras de pinus aguardavam para passar. Visitamos a sede da Fazenda Potreirinho. À tardinha chegamos no Cachoeirão dos Rodrigues. Ali tem um rio com uma queda d'água panorâmica, embora maior ela nos lembra um pouco aquela do Rio Guassupi, em São Martinho da Serra. Caminhamos pelo campo
em direção ao mato nativo para ver a cascata. Muito simpáticas as pessoas que nos receberam na pousada. Seu Antonio Sérgio e sua esposa Rosane Salib Nakes (ví os nomes no jornal, ?). Quando partimos, notamos o céu nublar. Logo veio uma garoa. Novamente em Silveira, o Helmut buscou a carne que havia encomendado. Conheci o Leandro, fotógrafo dos cartões postais de São José dos Ausentes. Por volta das 18:50 h estávamos na cidade, sem chuva, e com um belo por do sol. Na noite a temperatura chegou a 3 graus. Jantamos comida caseira; mandioca, arroz, feijão vermelho, carne de panela, salada de alface, tomate, beterraba cozida, pepino, couve crua. Tomamos vinho tinto que o Ivan, o Valter,  o Josmar e o Daniel levaram. Helmut e o Sérgio vinho branco. Na sobremesa um doce típico da região feito de uma fruta chamada gila. No café da manhã encontramos mel e doces, queijo e salame, pães e bolos, mamão cortado com casca e sementes, laranjas, maças não tão boas, bananas, leite, café e água quente. Bolo de milho muito gostoso preparado pela Alva, irmã do Dalvone.

Sábado, 29 de Julho de 2006.

Nos impressionamos quando chegamos na Serra da Rocinha. Fizemos malabarismos no momento do desembarque, para nos equilibrar do vento forte. O micro estacionou por volta das 10:10 h no mirante da Serra. Parecia que iria tombar. Todos sentimos muito frio. Sensação térmica baixíssima. Congelava-se as mãos. O chapéu do Ivan voou, e perdeu-se morro abaixo. Tomamos a graspa que ele levou; quem bebeu pouco quase não sentiu efeito algum. Avistamos vários morros. Notamos a cidade de Timbé do Sul. Vislumbramos a estrada serpenteando os morros. Mais tarde caminhamos estrada abaixo até o local onde tem uma Válvula do Gasoduto Bolívia-Brasil. Lembramos o tronco que o Ivan carregou nos ombros morro acima. O Sérgio e a Marta pegaram carona com o Giovane, um hóspede da pousada. Voltamos na Serra da Rocinha onde o micro ficou estacionado até às 13:20 h. Caminhamos no Vale das Trutas. Pedimos informação para encontrar a cascata do Juvenal que desagua ali no riacho do Vale. O Helmut e o Ivan decidiram andar até as cabanas que se avistam elegantemente do topo da estrada. Encontramos uma siriema caminhando na estrada. Muitos turistas no Vale das Trutas. Alguns almoçaram no restaurante, sopa, truta assada e grelhada. O Helmut comprou trutas, e trouxe-as num isopor. Caminhamos pelos tanques e conhecemos as cabanas. Era 16:00 h quando saimos. Levamos vinte minutos para chegar em São José dos Ausentes. As mulheres visitaram a Loja Araucária. Tinha sol quando chegamos na pousada. Ainda dia caminhamos pelo campo. Vimos um cemitério com os antepassados do Dalvone, e precursores da região. Jantamos cedo. Tomamos muito vinho. Dançamos no salão da pousada. Fui deitar às 02:30 h. Pela manhã ví duas gralhas-azuis voando no pátio. Observamos o gelo formado na superfície da lagoa em frente a pousada, e no barro das estradas. Os copos-de-leite ao lado da cerca de pedra murcharam com a geada.

Domingo, 30 de Julho de 2006.

Nos despedimos numa manhã fria e ensolarada. Paramos em frente ao termômetro gigante na praça central de Ausentes. Almoçamos no Restaurante Costaneira em Cambará do Sul. Partimos para São Francisco de Paula por um trecho bem conservado e sem acostamento. Ao longo da estrada várias plantações de pinus com árvores de diversas alturas. Gado. Os campos estavam com cor de palha seca. Notamos algumas áreas queimadas. Uma lavoura de milho. Pequenos lagos. Muitos riachos. Rumamos para Taquara e chegamos em Três Coroas. Depois de vinte quilômetros rodando numa estrada de chão batido visitamos o templo budista. Permanecemos ali por uma hora. Passamos por Taquara. Começamos a ouvir o primeiro tempo do Grenal, que depois de muito tumulto no Beira-Rio , terminou empatado sem gols. No intervalo do jogo ouvimos Mercedes Sosa e Zeca Balero dos CDs do Daniel, e o Ultrage, do Saulo. Os Almondegas e Nana Caymi, da Deca. Paramos às 20:40 h no restaurante Casa Cheia. A Martha desembarcou em Santa Cruz.

Eis a cronometragem do percurso de São José dos Ausentes a Santa Maria:

10:55 h, pousada. 11:15 h, São José dos Ausentes. 11:50 h, posto de fiscalização. 13:50 h, Cambará S.A. 13:40 h, Cambará do Sul. 14:00h, Restaurante Costaneira. 16:05 H, São Francisco de Paula. 16:30 h, Centro Budista. 18:00 h, Taquara. 18:33 h, RS 239. Pedágio em Campo Bom. 19:10 h, Casa das Cucas em Portão. 19:50 h, BR 386 em Tabaí. 20:40 h, restaurante casa Cheia em Venâncio. 21:15 h, RS 287, pedágio. 21:25 h, Santa Cruz, 5 graus. 21:45 h, RS 287. 21:50 h, trevo de Vera Cruz. 23:30 h, Casa do Helmut. 23:44 h, digital da Fernando Ferrari. Rodamos 490km até Santa Maria. Totalizando ida e volta cerca de 1.189km. Pagamos para empresa Lubro R$ 1.750,00 (hum mil e setecentos e cinquenta reais ) pela ida e retorno de Ausentes, com direito a rodar mais 200km na região.
Os viajantes: Ivan, Eusa, Daniel, Adéli, Cristina, Caroline, Valter, Martha, Ana, Helmut, Neci, Sérgio, Marta, Lara, Josmar, Deca, PF.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Primavera em Vale Veneto


Vale Vêneto, Setembro de 2008.
Sentimos um pouquinho de frio durante à noite estrelada de sábado, e calor no ensolarado domingo sob um céu azulado com nítidas nuvens brancas. A partir de segunda-feira iniciamos os diálogos com amigos sobre o passeio no fim de semana em Vale Vêneto.

Na tarde de sábado caminhei da Conrado Hoffmann em direção a Bozano, encontrei-me com a Deca e o Josmar na livraria Anaterra. Quando passamos em frente ao Monet anotei que o digital da pracinha indicava 23 graus às 18h12. Rumamos pela estrada movimentada até a rótula da Av. Roraima, depois Rua
Miguel Couto e Av. João Machado Soares. No caminho para Arroio Grande notamos que destruíram a casa colonial abandonada de alvenaria que existia ao lado esquerdo da estrada, logo na primeira curva depois da segunda ponte depois dos trilhos. Observamos as várzeas sendo aradas para o plantio de arroz. Os ponteiros do enorme relógio da torre da Igreja da localidade indicavam horário errado, porém quando ali passamos novamente no domingo percebi que coincidia 15h25. Com menos tráfego de veículos subimos em direção a Silveira Martins, notamos algum movimento no restaurante Val de Buia e no café colonial recentemente inaugurado perto da entrada da cidade. Depois do Monumento ao Imigrante, após a curva forte à direita , ainda falta algum trecho até a primeira curva à esquerda para se notar o colorido dos beijinhos delineando o acostamento com árvores nativas em ambos os lados da estrada em todo o percurso até o final do asfalto. De Silveira Martins rodamos 6.5km numa estrada de chão batido. À noitinha visualizamos Vale Vêneto. Durante a semana foram alguns telefonemas para combinar com a Maira o cardápio da janta. Ela foi servida às 21h00. Antes caminhamos até o morro da via crucis. Lá de cima notamos a localidade iluminada e ao longe, na planície, as luzes da cidade de Restinga Sêca. Na janta três opções de massas talharim, al pesto, carbonara, alho e óleo, galeto frito, salada de beterraba,
c
enoura, couve-flor, salada verde de radici com chicória, queijo ralado e azeite de oliva. Na sobremesa sagú e doce de abóbora com carambola. O Valter, o Daniel e o Josmar levaram algumas garrafas de vinhos tintos, a Cristina vinho branco. A Caroline tomou coca-cola. Mais tarde tomou-se cerveja. Ouvimos Janis Joplin, Secos e Molhados, que a Deca levou. O Valter contribuiu com Flávio Guimarães e Chico Buarque.

Lembramos da copa florida do ipê-roxo na praça que agora tem muitos ipês-amarelos com poucas folhas. Enormes canafístulas com copas que faziam sombras nos bancos de madeira perto da torre metálica vermelha. Aquela cujas escadas o Delmar, o Daniel, o Leonardo e o Valter se aventuram até o topo.

Por volta das sete horas da manhã me acordei, depois da Eusa e antes da Caroline. Juntos caminhamos pelos arredores da praça, igreja e seminário. Sob uma neblina ouvimos alguns cardeais vocalizarem e observamos muitas andorinhas,  que ora voavam, ora pousavam nos fios de energia elétrica.

Já sentíamos um pouco o sol quente pelas 10h20 quando fomos caminhar em direção a São Valentim. Inicialmente morro acima pela estrada de chão batido, a mesma que passa em frente a pousada. Quando encontramos a primeira casa de pedra ao lado de uma outra de alvenaria de construção mais recente, percebemos que enquanto um cachorro manso de pêlo preto descansava a sombra de um cinamomo no gramado das casas, outro baio latia e vinha em nossa direção sem maiores problemas. Adiante passamos por uns enormes plátanos, perto de encontrar outra casa de pedra reformada que outrora conhecemos abandonada com uma placa em cima da porta principal escrito “Famiglia Varaschini”.
Epóca das notáveis flores alaranjadas das corticeiras e da abundância do algodoal das paineiras. Não falamos com seu Aníbal, entretanto, fomos recepcionados pelo seu filho Adazir em meio aos trabalhos de macerar a cana-de-açucar com a força de um moinho de água. Ele ofereceu garapa e indicou o caminho que deveríamos seguir para encontrar uma cascata. Notamos o
s jataís movimentarem-se na entrada de sua colmeia na base do tronco de uma cabreúva na beira da estrada, também percebemos muitas abelhas em uma colmeia de madeira pintada de azul. Mas, não sabemos qual vespa ferroou o dedo da Lúcia quando estávamos sentados nas muitas pedras redondas no campo em baixo de uma laranjeira carregada de frutas amarelas. Fizemos algumas tentativas dentro do mato seguindo o percurso a montante mas não encontramos a queda d’água. Na volta me distanciei da maioria do grupo , enquanto parava para fotografar o tronco da guabiroba-do-mato, penso que seja a primeira vez que a vejo florida. Impressionante o tamanho da timbaúva, bem maior que a cabreúva.

Sentados nos bancos de madeira da praça de Vale Vêneto percebemos um movimento silencioso de um grupo pessoas em torno da igreja. Era a despedida da dona Ângela Dotto Pivetta. O Paulo comentou que vivera 98 anos.


Os viajantes: Eusa. Josmar. Deca. Alice. Rodrigo. Cristina. Valter. Caroline. Leonardo. Lúcia. Daniel. Adéli. Delmar. PF.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Urubici sem neve

Viagem pra Urubici.
Sexta-feira, 25 de Julho de 2008.
Numa noite mais estrelada que fria iniciamos nossa viagem para conhecer Urubici, na Serra de Santa Catarina.
Combinamos um roteiro com a empresa do microônibus para que o motorista passasse nos locais onde todos estavam aguardando com suas bagagens. Então, o PF ficou encarregado de ir até a Rua Aníbal Garcia onde está localizado o escritório e a garagem da Viamérica. Dali partiu às 20h53 acompanhando o motorista Elias. Inicialmente fomos encontrar o Ivan e a Eusa na esquina da André Marques com Henrique Dias (20h58 – 21h04), com Caroline, Valter, Cristina, na Floriano (21h08 – 21h19), com Josmar e a Deca, na Bozano esquina com Visconde (21h26 -21h28), depois com o Eduardo e a Silvana na Silva Jardim (21h32 -21h37), mais adiante passamos na Gal. Neto esquina com Conrado Hoffmann, para que o PF buscasse as suas no Ed. Tiradentes (21h45 – 21h50), rumamos para a rodoviária para pegar o motorista Ubirajara que viera de Candelária, após nos dirigimos à rua Geraldo Aronis para encontrar o Helmut e a Neci (22h01 – 22h04). Tomamos a BR 158; logo que chegamos no trevo do castelinho zeramos um odômetro às 22h12. Cronometramos as distâncias e seus respectivos horários a partir de Santa Maria. Pudemos ver que andamos 60km até Júlio de Castilhos (23h00), 128km até Cruz Alta (23h50). Nessa cidade nos encontramos com a Alice e o Rodrigo num posto à beira da estrada, nos aguardavam ali com os pais dele. Aos 180km passamos em Ibirubá (00h35). 197km, Selbach (00h48). 206km, Tapera (00h57). 234km , Tio Hugo (01h18). 244km, Ernestina (01h27). 275km, entrada de Passo Fundo (01h48), por onde andamos dez quilometros pela Av. Brasil perfazendo 285km. Nos 383km, Lagoa Vermelha (03h22). 421km, Muitos Capões (03h50). 447Km, Pedágio (04h11), ali me recordo que sentimos o vento frio quando descemos para ir ao banheiro. 454km, Vacaria (04h25). 458km, BR 116, (04h31). 474km, Pedágio (04h44). 489km, posto fiscal (04h56). 497km, Ponte Rio Pelotas, divisa RS/SC (05h05). 557km, entrada em Lages (05h57). Paramos no posto Palmeiras na entrada da cidade para telefonar para o Jonas, que chegou depois de alguns minutos para nos conduzir ao desjejum no Grande Hotel Lages. Cronometrei novamente quando chegamos em Bocaina do Sul, 609Km (08h38). 654km, na SC 438, localidade de Santa Clara (09h10) e 678km, Urubici às 09h49.

Sábado, 26 de Julho de 2008.

À tarde levamos cerca de uma hora para viajar os 42km de Urubici até a Fazenda São Sebastião na localidade de N
egrinha, em Bom Retiro. Daqueles os últimos 4km foram estrada de chão que percorremos entre a BR 282 e a pousada no meio de um bosque de pinus. Notamos uma fileira de palmeiras logo depois da porteira de entrada. Por volta das 15h20 fomos recepcionados por Naura e Márcio, seus filhos Flávio e Fábio. Cristina e Valcir, Juan e Rosa. Na chegada ficamos sabendo os quartos onde cada um de nós iria dormir.

São amplas as construções de alvenaria brancas com aberturas verdes. À direita estão a cozinha e a sala das refeições e lareira, atrás o galpão de chão. À esquerda os quartos, com ou
tra fileira de enormes eucaliptos. Mais adiante um lago, trapiche com uma área coberta, mesas e cadeiras de balanço no centro. Gansos nadando ao redor.

No passeio que fizemos até uma cascata a Caroline cavalgou na Pintada (branca) e o Eduardo na Marchadeira (colorada), éguas mansas que o Flávio encilhou. Durante o percurso Flávio comentou que estava com o pé esquerdo machucado porque pisou num espinho. Ouvimos o Márcio e o Valcir contar a históri
a da morte de uma ovelha pelo leão-baio. Tudo era apenas uma estória até que nos mostraram a carcaça da tal ovelha: ossos e restos de lã na entrada do mato nativo perto da cascata. Descemos morro abaixo ainda com os últimos raios do sol que se punha no horizonte pros lados de Lages.
Na janta, prato com pinhões apreciado pelos demais - pinhão é uma semente linda, mas não gosto de comer. Tomamos vinho, ouvimos o Márcio cantar, o Valcir tocar gaita, e o Juan violão. Tanto o fogo na lareira como o do chão no galpão nos aquecera a ponto de sentir calor mesmo quando caminhávamos ao ar livre na noite fria.
Domingo, 27 de Julho de 2008.
Visita a Serra do Corvo Branco, Cascata Véu de Noiva, Pedra Furada, Gruta N. S. de Lourdes e Cascata do Avencal. O grupo que veio de Florianópolis retornou sem passear no último local.
Saboreamos o primeiro café da manhã na pousada. Alguns provaram o camargo, - café com o leite tomado logo após ser ordenhado da vaca. Aveia, bolos, frutas, queijo, presunto, sucos, pães de queijo, (não tão gostoso quanto o do hotel em Lages ), bebida láctea, que acredito ter provocado minhas alterações intestinais durante a viagem de volta a Santa Maria.

Embarcamos às 08h35 no microônibus da Viamérica. Uma hora depois chegamos em Urubici. Ali mudamos para outro micro que foi conduzido pelo Julierme. Partimos às 09h50. Depois de rodar vinte e oito quilômetros por cinquenta minutos em uma e
strada de chão batido estávamos na Serra do Corvo Branco. Até lá cruzamos pela igreja de Santo Antônio. Vimos que a amarela de Santa Terezinha é a maior e mais notável. Da estrada observamos um rodeio em São Pedro e as macieiras sem folhas em Canudo. Nesse ínterim ouvi comentários do Julierme sobre o Gilberto, um morador do Arroio do Engenho que pegou um filhote de leão-baio no mato e por seis meses o criava em casa, até que o IBAMA o encaminhou para o Zoológico de Curitiba. Falou das plantações de macieiras da sua família, disse que começam a produzir no terceiro ano de plantio. Explicou o por que da quantidade de fios brancos de naylon nos galhos nos pés de macieira que mantém seu crescimento na horizontal. No Corvo Branco desembarcamos numa altitude de 1130m , e para aproveitar a imponência das rochas íngremes e escarpadas seguimos a pé, estrada abaixo. De volta ao micro, retornamos na estrada agora com bastante movimento de veículos até Santa Terezinha onde dobramos à esquerda numa via asfaltada. Às 12h17 chegamos na cascata do Véu de Noiva. Alguns almoçaram no buffet. Tomei suco de amoras silvestres. Visitamos a queda d'água. Ali perto a Silvana - e mais ninguém, que eu me lembre - aventurou-se na tirolesa voando presa a uma roldana sobre as copas das árvores e o rio. Seguindo viagem andamos até o amplo panorama dos canions e escarpas. Ficamos de frente para Pedra Furada no Morro da Igreja próximo as construções do Cindacta, a 1820m. É um dos locais com maior altitude de Santa Catarina. O dia com sol nos lembrou o passeio que fizemos a Fortaleza dos Aparados em 2003. Quando desembarcamos uma inesquecível surpresa, as marcas das patas de nove centímetros de comprimento do leão-baio no asfalto. Caminhamos no campo pelo entorno do penhasco. Voltamos pela estrada com trecho concretado na parte mais alta e asfaltada vinte quilômetros morro abaixo para visitar a gruta N. S de Lourdes. Ali permanecemos por uns quinze minutos. Rodamos por onze quilômetros novamente por chão batido até Urubici. Entretanto, paramos na estrada em Santo Antonio para o motorista ver o que estava acontecendo com os freios do microônibus que não estavam funcionando bem. Fazia um som estridente que parecia um ruído raspado. Ademais, disse que iria consertar quando chegássemos na cidade. Então tivemos que aguardar das 15h52 até às 16h45 para que ele mesmo o consertasse num posto de gasolina. Nesse tempo nos despedimos do grupo que voltou pra Florianópolis, visitamos o Acervo Cultural Urubici. Passamos na rodoviária e, na esquina próximo a igreja conversamos com seu Joaquim Lisandro Vieira, apelidado de tio sigui, e sua esposa Rogéria Souza Vieira. Ele nos levou pra conhecer a Igreja Mãe dos Homens idealizada a mais de trinta anos pelo padre de Itajaí José Gonçalves Spindola. Consertado o micro rodamos mais onze quilômetros para chegar às 17h05 na cascata do Avencal. Antes do por do sol com rastros de fumaça dos aviões vimos os troncos de bracatinga e a queda d'água do Avencal. Na volta paramos na estrada e observamos as luzes da cidade, num belvedere a 1176m de altitude. Voltamos pra Urubici embarcamos no micro da viamérica e retornamos pra pousada.

Segunda-feira, 28 de Julho de 2008.

Passava alguns minutos das sete quando levantei, fui caminhar no páti
o da sede da Fazenda sob uma neblina que me agradou fotografar. Encontrei a Eusa que tinha se acordado antes. Depois vi o Eduardo. Apareceu sol depois no desjejum por volta das 09h20.

Quando o Josmar, a Deca, a Silvana, o Eduardo, a Caroline, a Cristina, o Valter, o Helmut, a Neci, a Eusa e o PF subiram por uma estradinha em campo aberto guiados pelas conversas do Márcio ficou-se sabendo que são mil hectares a área da Fazenda, e o quanto foram cortadas Araucárias e Imbuias na região. Paramos duas vezes pra descansar, outra pra comer laranjas numa tapera, e a quarta às 10h50 no topo de um cerro coberto de samambaias a 1140m de altitude. Ali soprava um vento que não se sentia na parte baixa, segundo comentou o guia. Ele identificou a copa de uma imbuia na mata nativa e nos mostrou em q
ual direção no horizonte estão as cidades de Lages, Urubici e Alfredo Wagner numa paisagem verdejante coberta por morros, ora com floresta nativa, ora com plantações de pinus. Por ele ficamos sabendo das pegadas do leão-baio na estradinha que passamos. Voltamos. Permanecemos alguns minutos em torno da sombra de um cambará. Novamente na sede da Fazenda às 12h07, alguns almoçaram para depois arrumar as bagagens pra o retorno das 14h30.

Inicialmente nosso retorno tinha sido marcado para tardinha, em torno das 1
8h00. Conversando todos acharam melhor ter saído antes e viajar algumas horas durante o dia. Para chegar na rodoviária de Lages, onde o Helmut iria pegar ônibus para Curitiba, o Bira solicitou informação para o Hermes Furtado que caminhava na calçada na entrada da cidade. Logo nos encaminhamos para BR 116, onde paramos por 13 minutos (16h24 – 16h37) no Queijo&Cia, um mercado à beira da estrada. Comprei queijo colonial e um vidro de mel. Mais adiante cruzamos por muitos trabalhadores que estavam consertando a estrada. Num determinado momento a 54km de Lages paramos por três minutos na pista num pequeno engarrafamento onde a estrada ficou somente com uma mão liberada .
Dialogamos para encontrar um local onde lanchar. Um opção era o Panoramio em Passo Fundo, que por algum motivo foi descartado em prol do Rota Sul em Tio Hugo. Permanecemos nessa localidade por meia hora. Comi pães de queijo e tomei um suco em lata que não me lembro qual sabor. Às 22h50 chegamos na rodoviária de Cruz Alta para que o Rodrigo desembarcasse. Mais adiante no caminho o Valter recebeu um telefonema dos seus pais comentando sobre uma forte neblina em Santa Maria. Passávamos por Júlio de Castilhos às 23h46, quando notamos a pouca visibilidade para dirigir. Eis que o Valter falou com os motoristas para reduzir a velocidade que era mais acelerada que aquela da ida. Após 10 horas de viagem, por volta 00h30, visualizamos Santa Maria sem neblina. Rodamos cerca de 570km, da entrada de Lages e 655km da pousada Fazenda São Sebastião em Bom Retiro.
Os viajantes: Ivan, Eusa, Caroline, Cristina, Valter, Helmut, Neci, Deca, Josmar, Eduardo, Silvana Dalmaso, Rodrigo, Alice e PF. Entrementes, Daniel, Adéli, Tainá, Bárbara, Silvana e Fernando Noal chegaram no sábado à tarde em Urubici e retornaram no domingo para Florianopólis.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Rotas do Pontal de Tapes


Sexta-feira, 10 de Abril de 2009.
Numa manhã ensolarada com temperatura outonal agradável, após uma noite estrelada de lua cheia, iniciamos nosso passeio para Tapes, na costa doce da Laguna dos Patos.


Não tivemos neblina como aquela dos dias anteriores. Observamos que os tons amarelados do arroz cultivado ao longo das planícies à beira da via pavimentada indicavam que as lavouras estão na época da colheita; em muitas outras áreas pequenas hastes cortadas, e os rastros dos pneus das máquinas agrícolas demonstravam que o cereal já fora colhido. Nestes locais ora pousados, ora voando, algumas garças-brancas-pequenas e bandos de maçaricos- pretos.
Como o dia era feriado, nos surpreendemos com o movimento de veículos vindos em direção contrária, principalmente logo que cruzamos pela bifurcação com a BR 153, após a cidade de Novo Cabrais. Percebe-se que a via foi recapada em alguns trechos de Camobi até o Santuário, porém continuam percursos com buracos na RS 287 até a cidade de Paraíso do Sul.
Paramos no Restaurante Nevoeiro, em Santa Cruz, ficamos ali uns vinte minutos; quem foi nos banheiros do Posto notou que estavam limpos. Também paramos perto de uma casa familiar à beira da RS 244, na localidade de Pagador Martelo, procurávamos informações. Falamos com seu Martim, ele nos indicou a direção e a entrada pra Santo Amaro; seguimos viagem; passamos alguns metros de uma estradinha de chão batido à direita, alguém notou uma placa indicando o acesso; retornamos e fomos visitar a pequena localidade luso-açoriana à beira do Rio Jacuí com seus casarões do século XVIII. Caminhamos pela praça; entramos na Igreja de Santo Amaro construída em 1787; visitamos a Antiga Estação Férrea datada de 1883, denominada Amarópolis; em frente, no bar e lancheria Beira Rio, o Ivan, a Eusa e o PF, almoçaram porções de traíra frita, com salada de alface e tomate. Os demais do grupo foram ao Restaurante Coqueiro. Mais tarde visitamos a barragem Eclusada de Amarópolis. Vimos uma estrutura de metal que atravessa o Rio Jacuí de uma margem a outra, e o canal com paredes altas concretadas da eclusa. Seguimos viagem, e novamente pela via asfaltada andamos até General Câmara. Por dez minutos demos um giro pela pequena cidade com suas casas geminadas. Passamos por Charqueadas. Encontramos uma ciclovia ao longo da estrada. Quando cruzávamos pela ponte na RS 401 visualizamos o PASC. Ademais, rodando pela BR 116 cruzamos um viaduto onde podia-se visualizar à esquerda a cidade de Guaíba. Durante a passagem pela ponte sobre o Arroio Araçá com seus 42,7m, estávamos a cinco quilômetros de uma plantação de nogueiras com copas verdejantes, e a seis quilômetros da entrada para Tapes. Nesta entramos numa via asfáltica com alguns buracos na estrada. Rodamos quatorze quilômetros para maioria do grupo visualizar pela primeira vez a cidade de Tapes , por volta das 16h40min. Por estar localizada à beira da Laguna dos Patos, a cidade tem uma topografia plana. Era noitinha quando passamos pela praça central. Procuramos o Hotel Balneário, na rua Ver. Alberto Cardoso Filho, onde o Valter fizera as reservas. A poucos metros da beira da Laguna, unido por um pequeno mato nativo; tem-se acesso ao hotel por um pátio de chão batido; quando desembarcamos fomos recepcionados pelo Hernani; ele nos encaminhou aos quartos do primeiro andar. Agradável noite de lua cheia, que vimos surgir sobre as águas da Laguna dos Patos, no horizonte leste, acima do pontal de Tapes. Era noitinha quando caminhávamos pelas areias na orla com águas calmas. Subimos num trapiche de madeira, perto de uma casa onde os pescadores comercializam seus produtos. Então, conversamos sobre onde e o que jantar; portanto, fomos ao supermercado fazer compras pra massa que prepararíamos. Nesse ínterim, com um telefonema ficamos sabendo que poderíamos usar a cozinha do hotel. Num fogão forte, as cebolas, depois os tomates foram fritos em panelas grandes, naquelas chamas azuladas vertendo constantemente pela borda das bocas. Acrescentou-se molho vermelho pronto, um pouco de alho em lasquinhas, tomate seco desidratado, no final queijo parmesão ralado. Depois da janta, apreciamos um doce de cajú em barra, coloração marrom escura, macio que podia-se corta-lo com uma colher, gosto forte, delicioso por não ter aquela ardência na garganta comum dos doces feitos com açúcar branco. Sobremesa que veio do nordeste brasileiro com a cortesia do Ivan. Pouco depois da meia-noite subimos para os quartos.

Sábado, 11 de Abril de 2009.


Acordamos por volta das 07h30min. O pessoal do hotel nos comunicou que o desjejum ficaria servido até às 09h30min; manhã ensolarada; durante a refeição o Ivan encontrou um casal de amigos de Santiago, que agora residem em Porto Alegre. Como o Valter agendou uma visita de barco ao pontal de Tapes, antes do término do horário do café embarcamos na Sprinter branca rumo a marina da cidade. Fomos ciceroneados pelo Hernani. Quando chegamos já estávamos sendo aguardados pelo Célio e seu filho Elieser. Eles apresentaram-nos um barco de madeira a motor, disseram que suporta cerca de 4 a 5 toneladas de peixe, e que os pescadores utilizam pra pescar viola, tainha, bagre ou pintado. Elieser comentou que a Laguna tem sua maior profundidade em torno de seis a sete metros, e que navegamos cerca de 7km, entretanto, Célio disse ser 8km, a distância que levamos uma hora pra vencer até o pontal. Durante a travessia fomos acompanhados pelo suave farfarolar de uma borboleta. Céu azul imenso, sol quente muito, água bastante calma. Por vezes observamos grupos de dez ou quinze gaivotas nadando, poucas, apenas duas ou mais voaram sobre nós. Encontramos um barco com pescadores. Às 10h50min, chegamos na margem do pontal; dali se percebia que a cidade surgia como uma tênue linha imaginária de pequena altura ao longo da margem da Laguna. De perto destacam-se aqueles prédios grandes de alvenaria, alguns abandonados, e a enorme antena metálica de telefonia indicando a localização da praça de Tapes. Desembarcamos num local cercado por juncos na margem, ao lado de um barco ancorado; perto dali notamos barracas de plástico preto e redes de pescadores entre os troncos e sombras de um plantio de pinus. Fotografei alguns patos jovens nadando e brincando na orla, e alguns peixinhos. Depois de alguns minutos andamos por uma estradinha no meio do plantio de pinus até o outro lado do pontal. O Ivan, a Eusa, o Helmut e a Neci caminhavam bem na frente dos demais pelas areias de uma praia que não encontramos ninguém. Fiquei pra trás fotografando a vegetação das dunas; encontrei-me novamente com a turma quando paramos na sombra de uma pequena figueira à beira da Laguna. Tomou-se água, comeu-se bananas, sanduíche e amendoins descascados e torrados; ali descansamos por uns cinquenta minutos. Retornamos para margem que havíamos desembarcado. Devido o percurso de retorno ser mais longo, por ser a hipotenusa de um triangulo imaginário , nosso retorno a Tapes foi mais demorado, levamos uma hora e quarenta minutos; chegamos e desembarcamos num parco trapiche de madeira.
No retorno para o Hotel aproveitamos a luz solar pra fotografar casarões. Fomos ao centro, ficamos num bar próximo a praça movimentada, cervejas foram tomadas; durante conversas que culminou na decisão sobre onde e o que jantar, passamos numa feira de agricultores num galpão da Emater;  comprou-se salsinha, goiabada produzida por agricultor de Araçá; como optamos por cozinhar peixe, fomos noutra feira popular, comprar verduras, frutas, ovos e queijo; ainda faltava o ingrediente principal; procuramos a Peixaria Viegas, a mesma que conhecemos ontem; mas, tivemos que solicitar informações pra encontrá-la na Rua Caramuru, 12, na Vila dos Pescadores. Adquirimos quatro bagres descongelados pesando 3,6kg, ao custo de seis reais o quilo, no total foram pagos vinte e um reais. Chegando no hotel, alguém nos informou que a Jandira, cozinheira que trabalha ali há onze anos usaria a cozinha. Fomos surpreendidos porque não lhe avisamos que iríamos preparar a janta, esquecemos de fazer uma solicitação ! Conversamos com o pessoal do hotel ressaltando que não atrapalharíamos. Dissemos que apenas alguns do grupo iriam entrar na cozinha. Depois aconteceu o contrário, às vezes tinha uma pessoa descascando cebolas, outra picando os tomates, uma fatiando queijo, outra cuidando das panelas no fogo, ou simplesmente alguém entrava ali para conversar e ver como estavam os preparativos. Comentou-se que não tínhamos limão pra temperar o peixe, eis que o Valter providenciou; antes ficou aquela dúvida: deveríamos ou não cozinhar ? outro argumento, era 18h30min e a cozinheira começaria a trabalhar a partir das 19h30min; o que de certo modo nos daria algum tempo;  porém, quando fomos para cozinha ela já estava lá;  no início não havia muito diálogo, mas aos poucos foi mudando para melhor; ademais, fomos tratados com simpatia pela proprietária do hotel, muito solicita em nos auxiliar; quando ficou tudo pronto, juntamos quatro mesas da sala de refeições, madeira pesada, comentou-se que é de angelim da amazônia; subimos pra os quartos logo depois da meia- noite.


Domingo, 12 de Abril de 2009.

Acordamos por volta das sete horas; tomamos café;  começamos arrumar as bagagens; fomos visitar o Hotel do Pontal de Tapes;  dali retornamos pelo centro da cidade, e às 11h04min estávamos saindo por uma via asfaltada, a Avenida Assis Brasil, com palmeiras novas plantadas em seu canteiro central.
Rumamos pelo mesmo percurso da ida;  quando estávamos em São Jerônimo procuramos local para almoçar. Às 13h13min encontramos o restaurante Panorâmico, através de suas janelas laterais de vidro visualizavam as águas do Rio Jacuí. Tínhamos buffet livre, por peso e espeto corrido; comi um peixe frito amargo, brócolis, moranga kabutia, um pedaço de mandioca, cinco ovos de codorna cozidos, alface, da beterraba não tenho certeza.
Mais tarde embarcamos no veículo que viajávamos para entrar numa estradinha empoeirada com coloração de carvão. Então, nos encaminhamos para o local onde se acessa a barca; observamos-a partir lotada de Triunfo na outra margem imediatamente oposta, no instante que cruzava o Trevo Verde, um navio de grande tonelagem que subia o imponente Rio Jacuí. Quando chegou, vimos os veículos entrar lentamente na barca que transportou 36 carros, 2 Sprinters e quatro motos. Dois homens, o maquinista, o ajudante e mais seis minutos de travessia para chegar em Triunfo.
Enquanto passeávamos pelas ruas desta cidade fotografamos alguns casarões construídos no século XIX. Visitamos a praça central; passamos em frente a casa onde nasceu Bento Gonçalves. Por volta das 16h10min partimos em direção a RS 470, estávamos apenas dez minutos da localidade de Barreto. Não foi pela bela ponte metálica em desuso que chegamos novamente a General Câmara; ao contrário, atravessamos o Rio Taquari utilizando-se dos serviços diuturnos de navegação de uma pequena barca, com uma capacidade pra transportar apenas quatro ou cinco carros; chegando na outra margem rodamos por uma estrada de chão batido com dúvidas durante o percurso; quando nos deparamos com a primeira bifurcação, próximo a uma pequena ponte de concreto, dobramos à direita, procuramos pessoas numa casa para nos informar. O PF desceu, perguntou, voltou, e disse que de acordo com a indicação recebida tínhamos que retornar e seguir pela pequena ponte; rodamos três quilometros, mais outra bifurcação, que se soubéssemos seguiríamos à direita e reto; paramos novamente, não apenas para observar o verde escuro das folhas das acácias-negras, mas também para aguardar um carro com pessoas que nos orientasse.
Com sua luz fortemente amarelada, o sol encaminhava-se suavemente para o horizonte oeste; mas a claridade dele ainda nos permitia observar uma plantação de nogueiras à margem da estrada de General Câmara; também percebemos outros plantios de acácias-negras e eucaliptos durante o percurso até a cidade de Santa Cruz.
Um intenso movimento fez com que aguardássemos alguns minutos para entrar na RS 287 às 17h56min. Rodamos trinta quilômetros em meia hora pra chegar no posto dos pinheiros. Uma pessoa que trabalha no local nos permitiu utilizar os banheiros, comentou que a lancheria acabara encerrar o expediente. Também nos informou que recém tínhamos cruzado a ponte sobre Arroio Plums I, que delimita Vale do Sol e Vera Cruz.
Novamente em Santa Maria, Ivan, Valter, Eusa, Helmut, Neci, Caroline, Cristina, Martha, Sérgio, Marta, Lara, e o PF que viajaram com o motorista Fabrício da Viamérica.
Santa Maria, 16 de Abril de 2009.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Um sábado entre Novo Treviso e Vila Cruz

Por sugestão do Valter visitamos Novo Treviso. Combinamos o encontro da partida em frente ao Hotel Appel. Por volta das onze e cinquenta, numa manhã mais ensolarada que fria embarcamos no ônibus do Sérgio. Seguimos pela RS 287 até a entrada à esquerda pra Faxinal do Soturno, na RS 149. Percebemos que terminou a colheita do arroz, nas lavouras onde ele fora plantado a várzea estava alagada, e tinha restos de palha e lama. Às 12h50min passamos pelo trevo de São João do Polesine, depois de percorrer  47km. Às 13h12 visualizamos uma parte plana entre morros perto do Rio Trombudo com poucas moradias contrastando com a imponente Igreja Santa Terezinha. Ela fora construída há mais de cem anos. Na parede do altar e no teto apreciamos as pinturas do A. Lazzarini, feitas na década de 60. Dona Lourdes Balzan comentou que a torre foi erguida com pedras, e por ela ficamos sabendo que em 02 de setembro ocorre comemoração na igreja, e no último domingo de abril tem festa do padroeiro São Marcos. A família da Claudete Basso, filha da Maria e do Solenio, mãe do Igor, casada com o Almir, nos aguardava para o almoço nas dependências de uma casa de alvenaria situada numa esquina. Embora a fachada indicasse o ano de 1943, parte dela fora construída de madeira há muito mais tempo. Todos muito agradáveis e simpáticos nos conduziram à sala de refeição. Na mesa  iguarias em quantidades levemente superiores ao nosso apetite; ademais, as qualidades da massa ,  sopa de agnolini, batata-doce-assada, polenta, galinha, pão, risoto, salada de alface, tomate, omelete, queijo ralado, sucos de laranja com manga, ou com abacaxi. Mais tarde abriram as portas do Museu Geringonça de Novo Treviso localizado num prédio ligado à casa, com dependências novas; no térreo visitamos salas com diversos objetos de metal e de madeira que foram utilizados pelos primeiros imigrantes. Sempre delicadamente dispostos harmonizando com duas fotos ampliadas nas dimensões das paredes do fundo. Muitos posters com textos dos quais reproduzimos este: as casas eram construídas em clareiras abertas no meio do mato, com pranchas de madeira falquejadas e esteios; na falta de pregos, amarravam os pranchões com cipós. Muitas vezes as cozinhas eram de chão batido, o que facilitava para o fogo. Costumavam fazer um fogo no lado de fora das casas para espantar os bichos. A Claudete nos auxiliou na tradução destas duas frases em dialeto: “ chi gá inventa l’vin, se no l''zé in paradiso el zé vissin”, quem inventou o vinho, ou está no céu ou dele é vizinho, e “chi va in leto senza cena tuta la note li se ramena, quem vai pra cama dormir sem comer se remexe toda noite. Foi seu filho, que durante a caminhada pelo pátio, disse o nome da lili, uma pastora alemã dócil de cinco meses. Ele nos mostrou onde estavam os chiqueiros dos porcos, o cercado das galinhas, e o campo com as reses descansando; entrementes, observamos um bando de gansos brancos caminhando e movimentando lentamente seus pescoços pra frente e pra trás com um grasnar de intimidação.
Combinamos seguir viagem para Vila Cruz, distante oito quilômetros por estrada de chão. Deixamos o ônibus e optamos por uma caminhada de duas horas. Com sol ameno e poucas nuvens no céu, às 15h50min partimos. Alguns foram na frente; logo atrás o Sérgio e o PF; juntos conversavam, e seguiram o ritmo e a direção das águas do Rio Trombudo; deveriam ter entrado à esquerda na primeira bifurcação, na frente de uma capela; andaram mais seis quilômetros estrada abaixo; encontraram muitas bergamoteiras com frutos amarelos quanto deliciosos, e visitaram a localidade que recebe o mesmo nome do Rio. Ali chegaram à noitinha duas horas após; falaram com o Anderson no armazém dos Cargnelutti; o seu pai Décio permitiu que ele nos conduzisse de carro novamente a Novo Treviso; embarcamos no ônibus e rumamos agora pelo caminho que nos levaria até Vila Cruz; logo, na bifurcação da capela dobramos, e passamos por uma pequena ponte sobre o Rio Trombudo que indicava o início de uma longa subida; andamos  dois ou três quilômetros morro acima por uma estradinha de chão pedregoso e firme tanto quanto estreita, como uma trilha no meio do mato;  percorrendo as partes mais altas notávamos o vale iluminado pelas luzes das casas; num determinado momento surgiu dúvida; procuramos moradores pra solicitar informação; prontamente paramos na frente de uma moradia à direita da estrada, um menino, observado por uma mulher na porta da casa, vestindo uma camiseta vermelha do colorado nos atendeu dirigindo sua bicicleta; quando perguntamos sobre qual direção seguir, nos indicou.
Pouco antes das sete de uma noite fria de lua cheia chegamos na Vila Cruz. Tentamos encontrar a pousada; descemos pela rua em frente à igreja, dobramos à direita, mais dúvidas quanto a direção; tivemos que solicitar mais informações, inicialmente pra uma mulher que caminhava com compras pela calçada, de acordo com suas palavras deveríamos retornar pela subida e dobrar à esquerda;  desci do ônibus pra auxiliar o Sérgio, enquanto ele manobrava surgiu o Gelson Pesamosca para comentar outra opção: poderíamos ir em frente e entrar na primeira à direita na Rua dos Imigrantes, andar uma quadra e encontrar a pousada; como os demais do grupo chegaram cedo, aguardavam relatos pra saber nosso passeio por outro local.
Fomos agradavelmente recepcionados pela família da Dona Leda Grandene Cargnin, mãe dos gêmeos Marcos e Maurício, e da Mariel e Matias, avó dos filhos do Márcio com a Sandra, a querida Júlia e seu irmão Eduardo, primos da graciosa Betina e José Humberto, caçulas da sua primeira filha Marinês e Humberto Stefanello, o genro do seu esposo Francisco.
Acompanhamos os preparativos da janta, que foi servida num salão no subsolo; primeiro conhecemos o delicioso licor de flores de laranjeira com cachaça. Na mesa posta saborosos pratos: massa al pesto, massa alho e óleo, polenta, queijo, carne de galinha, yakisoba, salada de alface, e os inesquecíveis sucos de uva e laranja.
Nas conversas com a Dona Leda ficamos conhecendo a receita da Flora Mato Grosso; muito digestiva, também combate o reumatismo quando a porção diária ingerida for uma colher de chá, entretanto, doses generosas deixam a pessoa demasiadamente alegre, e ou ébria. Pra ajudar na lembrança anotamos os ingredientes: casca de angico-vermelho, casca de mamica-de-cadela, casca de corticeira, cipó-mil-homens e cancorosa; preparado em quantidades semelhantes de todas as cascas numa pequena vianda, três pedaços de 5cm do cipó, sete folhas de cancorosa, dois litros e meio de álcool de cereais ou de cachaça. Deixar em infusão por três a quatro meses; após este período retira-se o líquido precioso; reserva-se em outra vasilha; acrescenta-se ao recipiente com as cascas mais dois litros e meio de álcool ou de cachaça; aguarda-se por mais quinze dias, então retira-se pela segunda vez, e mistura-se com o primeiro líquido; tem-se cinco litros da Flora Mato Grosso.
Ainda à noite ouvimos o Gelson cantar, pai das gêmeas Bárbara e Bibiana, filho da Dona Alzira Dalcin Pesamosca, residentes do casarão azul na esquina diagonal à Capela (igreja) de Santa Cruz.
Manhã nublada, muitas pessoas em frente do salão e igreja lotada. No domingo caminhamos nas redondezas. De cima do Morro da Cruz observamos o topo de muitos outros; notava-se que a localidade é composta por dois quarteirões de três ruas calçadas com rochas basálticas.
Conhecemos a fábrica de vassouras artesanais fundada pela família, agora aos cuidados do Gelson. Falando com dona Alzira ficamos sabendo que certa vez ela ajudou a confeccionar 12 dúzias do produto num dia de trabalho, e que jamais reclamaram da qualidade. Comentou que está com oitenta anos, apresentou as netas, mostrou-me as dependências internas do casarão, fotos coloridas da família com casamento dos filhos , uma das quais com a Bárbara e a Bibiana sorrindo com um cesto nos braços embaixo de uma videira. Lamentou a morte do seu Ivo, há quatro meses.
Apesar de um farto e apetitoso desjejum, todavia, apenas comento o revigorante suco de couve com hortelã e banana. Às 13hoomin um almoço com muito risoto, carne de porco, salada de alface, e omelete com queijo.
Conhecemos casarões com paredes largas construídas com rochas irregulares. Às 14h21min embarcamos no ônibus do Sérgio, e ciceroneados por Dona Leda e Roberto Spanevello na estrada em direção a Novo Paraíso. Rodamos cerca de três quilômetros até a propriedade com benfeitorias realizadas pela família de Olinto Facco. No caminho não paramos para contar um bando de quinze maçaricos-pretos forrageando no banhado; ademais, ficamos alguns minutos observando um ouriço pousado num galho de um eucalipto, quando caminhávamos na trilha do mato nativo na propriedade do Vitélio Stefanello.
Nos arredores do casarão de pedra dos Facco, um gatinho e um cachorro mansos, nas hortas muitas laranjeiras cobertas de frutos igualmente amarelos; Roberto deixou todos à vontade pra apanhar frutas. A Adéli e a Neci preferiram as flores cor-de-rosa de uma camélia.
Voltamos para pousada. Embarcamos num microônibus escolar dirigido pelo seu Chico. Andamos dez minutos em direção a Linha Cinco. Entramos à esquerda depois da Capela São José. Caminhamos por trilhas na propriedade do Vitélio, numa mata nativa de 24 hectares. Fomos recepcionados pela Marinês Stefanello; ali o Ivan fotografou urubus-de-cabeça-preta pousados nos galhos de uma figueira enorme; observamos um jacú caminhando nos ramos de outra frondosa árvore; seguimos mato a dentro por um caminho limpo, muitas folhas secas no chão com grande densidade de árvores e arbustos de pequenos diâmetros, indicando ser uma floresta nova. Ouvimos o Vitélio comentar sobre o incêndio na casa que estava construindo. Encontramos na trilha, entre as árvores, um cipó-mil-homens; quando solicitada Dona Leda macerou, e cheirou uma pequena amostra de sua casca pra identificá-la.
Nos despedimos por volta das 17h30min. Partimos em direção a Nova Palma; descemos por uma estrada íngreme e conservada de chão batido. Paisagens recortadas por morros, ora razoavelmente cobertos por vegetação arbórea nativa, ora com lavouras e casas nos vales. Andamos oito quilômetros para avistar a cidade. Enquanto cruzávamos pela rua da igreja, notamos as enormes tipuanas plantadas nos dois lados da calçada. Dali rodamos mais 16Km numa estrada vicinal asfaltada ao longo do Rio Soturno. Por volta das 18h25 passávamos sobre os 113,55m da ponte de concreto que marca a divisão de Faxinal do Soturno com São João do Polesine. Quinze minutos depois entrávamos na movimentada RS 287. Às 19h10min Caroline, Adéli, Daniel, Valter, Cristina, Martha, Ivan, Eusa, Helmut, Neci, Marta e Sérgio chegaram novamente em frente ao Hotel Appel.
Santa Maria, 09 de Julho de 2009.