segunda-feira, 13 de julho de 2009

Rotas do Pontal de Tapes


Sexta-feira, 10 de Abril de 2009.
Numa manhã ensolarada com temperatura outonal agradável, após uma noite estrelada de lua cheia, iniciamos nosso passeio para Tapes, na costa doce da Laguna dos Patos.


Não tivemos neblina como aquela dos dias anteriores. Observamos que os tons amarelados do arroz cultivado ao longo das planícies à beira da via pavimentada indicavam que as lavouras estão na época da colheita; em muitas outras áreas pequenas hastes cortadas, e os rastros dos pneus das máquinas agrícolas demonstravam que o cereal já fora colhido. Nestes locais ora pousados, ora voando, algumas garças-brancas-pequenas e bandos de maçaricos- pretos.
Como o dia era feriado, nos surpreendemos com o movimento de veículos vindos em direção contrária, principalmente logo que cruzamos pela bifurcação com a BR 153, após a cidade de Novo Cabrais. Percebe-se que a via foi recapada em alguns trechos de Camobi até o Santuário, porém continuam percursos com buracos na RS 287 até a cidade de Paraíso do Sul.
Paramos no Restaurante Nevoeiro, em Santa Cruz, ficamos ali uns vinte minutos; quem foi nos banheiros do Posto notou que estavam limpos. Também paramos perto de uma casa familiar à beira da RS 244, na localidade de Pagador Martelo, procurávamos informações. Falamos com seu Martim, ele nos indicou a direção e a entrada pra Santo Amaro; seguimos viagem; passamos alguns metros de uma estradinha de chão batido à direita, alguém notou uma placa indicando o acesso; retornamos e fomos visitar a pequena localidade luso-açoriana à beira do Rio Jacuí com seus casarões do século XVIII. Caminhamos pela praça; entramos na Igreja de Santo Amaro construída em 1787; visitamos a Antiga Estação Férrea datada de 1883, denominada Amarópolis; em frente, no bar e lancheria Beira Rio, o Ivan, a Eusa e o PF, almoçaram porções de traíra frita, com salada de alface e tomate. Os demais do grupo foram ao Restaurante Coqueiro. Mais tarde visitamos a barragem Eclusada de Amarópolis. Vimos uma estrutura de metal que atravessa o Rio Jacuí de uma margem a outra, e o canal com paredes altas concretadas da eclusa. Seguimos viagem, e novamente pela via asfaltada andamos até General Câmara. Por dez minutos demos um giro pela pequena cidade com suas casas geminadas. Passamos por Charqueadas. Encontramos uma ciclovia ao longo da estrada. Quando cruzávamos pela ponte na RS 401 visualizamos o PASC. Ademais, rodando pela BR 116 cruzamos um viaduto onde podia-se visualizar à esquerda a cidade de Guaíba. Durante a passagem pela ponte sobre o Arroio Araçá com seus 42,7m, estávamos a cinco quilômetros de uma plantação de nogueiras com copas verdejantes, e a seis quilômetros da entrada para Tapes. Nesta entramos numa via asfáltica com alguns buracos na estrada. Rodamos quatorze quilômetros para maioria do grupo visualizar pela primeira vez a cidade de Tapes , por volta das 16h40min. Por estar localizada à beira da Laguna dos Patos, a cidade tem uma topografia plana. Era noitinha quando passamos pela praça central. Procuramos o Hotel Balneário, na rua Ver. Alberto Cardoso Filho, onde o Valter fizera as reservas. A poucos metros da beira da Laguna, unido por um pequeno mato nativo; tem-se acesso ao hotel por um pátio de chão batido; quando desembarcamos fomos recepcionados pelo Hernani; ele nos encaminhou aos quartos do primeiro andar. Agradável noite de lua cheia, que vimos surgir sobre as águas da Laguna dos Patos, no horizonte leste, acima do pontal de Tapes. Era noitinha quando caminhávamos pelas areias na orla com águas calmas. Subimos num trapiche de madeira, perto de uma casa onde os pescadores comercializam seus produtos. Então, conversamos sobre onde e o que jantar; portanto, fomos ao supermercado fazer compras pra massa que prepararíamos. Nesse ínterim, com um telefonema ficamos sabendo que poderíamos usar a cozinha do hotel. Num fogão forte, as cebolas, depois os tomates foram fritos em panelas grandes, naquelas chamas azuladas vertendo constantemente pela borda das bocas. Acrescentou-se molho vermelho pronto, um pouco de alho em lasquinhas, tomate seco desidratado, no final queijo parmesão ralado. Depois da janta, apreciamos um doce de cajú em barra, coloração marrom escura, macio que podia-se corta-lo com uma colher, gosto forte, delicioso por não ter aquela ardência na garganta comum dos doces feitos com açúcar branco. Sobremesa que veio do nordeste brasileiro com a cortesia do Ivan. Pouco depois da meia-noite subimos para os quartos.

Sábado, 11 de Abril de 2009.


Acordamos por volta das 07h30min. O pessoal do hotel nos comunicou que o desjejum ficaria servido até às 09h30min; manhã ensolarada; durante a refeição o Ivan encontrou um casal de amigos de Santiago, que agora residem em Porto Alegre. Como o Valter agendou uma visita de barco ao pontal de Tapes, antes do término do horário do café embarcamos na Sprinter branca rumo a marina da cidade. Fomos ciceroneados pelo Hernani. Quando chegamos já estávamos sendo aguardados pelo Célio e seu filho Elieser. Eles apresentaram-nos um barco de madeira a motor, disseram que suporta cerca de 4 a 5 toneladas de peixe, e que os pescadores utilizam pra pescar viola, tainha, bagre ou pintado. Elieser comentou que a Laguna tem sua maior profundidade em torno de seis a sete metros, e que navegamos cerca de 7km, entretanto, Célio disse ser 8km, a distância que levamos uma hora pra vencer até o pontal. Durante a travessia fomos acompanhados pelo suave farfarolar de uma borboleta. Céu azul imenso, sol quente muito, água bastante calma. Por vezes observamos grupos de dez ou quinze gaivotas nadando, poucas, apenas duas ou mais voaram sobre nós. Encontramos um barco com pescadores. Às 10h50min, chegamos na margem do pontal; dali se percebia que a cidade surgia como uma tênue linha imaginária de pequena altura ao longo da margem da Laguna. De perto destacam-se aqueles prédios grandes de alvenaria, alguns abandonados, e a enorme antena metálica de telefonia indicando a localização da praça de Tapes. Desembarcamos num local cercado por juncos na margem, ao lado de um barco ancorado; perto dali notamos barracas de plástico preto e redes de pescadores entre os troncos e sombras de um plantio de pinus. Fotografei alguns patos jovens nadando e brincando na orla, e alguns peixinhos. Depois de alguns minutos andamos por uma estradinha no meio do plantio de pinus até o outro lado do pontal. O Ivan, a Eusa, o Helmut e a Neci caminhavam bem na frente dos demais pelas areias de uma praia que não encontramos ninguém. Fiquei pra trás fotografando a vegetação das dunas; encontrei-me novamente com a turma quando paramos na sombra de uma pequena figueira à beira da Laguna. Tomou-se água, comeu-se bananas, sanduíche e amendoins descascados e torrados; ali descansamos por uns cinquenta minutos. Retornamos para margem que havíamos desembarcado. Devido o percurso de retorno ser mais longo, por ser a hipotenusa de um triangulo imaginário , nosso retorno a Tapes foi mais demorado, levamos uma hora e quarenta minutos; chegamos e desembarcamos num parco trapiche de madeira.
No retorno para o Hotel aproveitamos a luz solar pra fotografar casarões. Fomos ao centro, ficamos num bar próximo a praça movimentada, cervejas foram tomadas; durante conversas que culminou na decisão sobre onde e o que jantar, passamos numa feira de agricultores num galpão da Emater;  comprou-se salsinha, goiabada produzida por agricultor de Araçá; como optamos por cozinhar peixe, fomos noutra feira popular, comprar verduras, frutas, ovos e queijo; ainda faltava o ingrediente principal; procuramos a Peixaria Viegas, a mesma que conhecemos ontem; mas, tivemos que solicitar informações pra encontrá-la na Rua Caramuru, 12, na Vila dos Pescadores. Adquirimos quatro bagres descongelados pesando 3,6kg, ao custo de seis reais o quilo, no total foram pagos vinte e um reais. Chegando no hotel, alguém nos informou que a Jandira, cozinheira que trabalha ali há onze anos usaria a cozinha. Fomos surpreendidos porque não lhe avisamos que iríamos preparar a janta, esquecemos de fazer uma solicitação ! Conversamos com o pessoal do hotel ressaltando que não atrapalharíamos. Dissemos que apenas alguns do grupo iriam entrar na cozinha. Depois aconteceu o contrário, às vezes tinha uma pessoa descascando cebolas, outra picando os tomates, uma fatiando queijo, outra cuidando das panelas no fogo, ou simplesmente alguém entrava ali para conversar e ver como estavam os preparativos. Comentou-se que não tínhamos limão pra temperar o peixe, eis que o Valter providenciou; antes ficou aquela dúvida: deveríamos ou não cozinhar ? outro argumento, era 18h30min e a cozinheira começaria a trabalhar a partir das 19h30min; o que de certo modo nos daria algum tempo;  porém, quando fomos para cozinha ela já estava lá;  no início não havia muito diálogo, mas aos poucos foi mudando para melhor; ademais, fomos tratados com simpatia pela proprietária do hotel, muito solicita em nos auxiliar; quando ficou tudo pronto, juntamos quatro mesas da sala de refeições, madeira pesada, comentou-se que é de angelim da amazônia; subimos pra os quartos logo depois da meia- noite.


Domingo, 12 de Abril de 2009.

Acordamos por volta das sete horas; tomamos café;  começamos arrumar as bagagens; fomos visitar o Hotel do Pontal de Tapes;  dali retornamos pelo centro da cidade, e às 11h04min estávamos saindo por uma via asfaltada, a Avenida Assis Brasil, com palmeiras novas plantadas em seu canteiro central.
Rumamos pelo mesmo percurso da ida;  quando estávamos em São Jerônimo procuramos local para almoçar. Às 13h13min encontramos o restaurante Panorâmico, através de suas janelas laterais de vidro visualizavam as águas do Rio Jacuí. Tínhamos buffet livre, por peso e espeto corrido; comi um peixe frito amargo, brócolis, moranga kabutia, um pedaço de mandioca, cinco ovos de codorna cozidos, alface, da beterraba não tenho certeza.
Mais tarde embarcamos no veículo que viajávamos para entrar numa estradinha empoeirada com coloração de carvão. Então, nos encaminhamos para o local onde se acessa a barca; observamos-a partir lotada de Triunfo na outra margem imediatamente oposta, no instante que cruzava o Trevo Verde, um navio de grande tonelagem que subia o imponente Rio Jacuí. Quando chegou, vimos os veículos entrar lentamente na barca que transportou 36 carros, 2 Sprinters e quatro motos. Dois homens, o maquinista, o ajudante e mais seis minutos de travessia para chegar em Triunfo.
Enquanto passeávamos pelas ruas desta cidade fotografamos alguns casarões construídos no século XIX. Visitamos a praça central; passamos em frente a casa onde nasceu Bento Gonçalves. Por volta das 16h10min partimos em direção a RS 470, estávamos apenas dez minutos da localidade de Barreto. Não foi pela bela ponte metálica em desuso que chegamos novamente a General Câmara; ao contrário, atravessamos o Rio Taquari utilizando-se dos serviços diuturnos de navegação de uma pequena barca, com uma capacidade pra transportar apenas quatro ou cinco carros; chegando na outra margem rodamos por uma estrada de chão batido com dúvidas durante o percurso; quando nos deparamos com a primeira bifurcação, próximo a uma pequena ponte de concreto, dobramos à direita, procuramos pessoas numa casa para nos informar. O PF desceu, perguntou, voltou, e disse que de acordo com a indicação recebida tínhamos que retornar e seguir pela pequena ponte; rodamos três quilometros, mais outra bifurcação, que se soubéssemos seguiríamos à direita e reto; paramos novamente, não apenas para observar o verde escuro das folhas das acácias-negras, mas também para aguardar um carro com pessoas que nos orientasse.
Com sua luz fortemente amarelada, o sol encaminhava-se suavemente para o horizonte oeste; mas a claridade dele ainda nos permitia observar uma plantação de nogueiras à margem da estrada de General Câmara; também percebemos outros plantios de acácias-negras e eucaliptos durante o percurso até a cidade de Santa Cruz.
Um intenso movimento fez com que aguardássemos alguns minutos para entrar na RS 287 às 17h56min. Rodamos trinta quilômetros em meia hora pra chegar no posto dos pinheiros. Uma pessoa que trabalha no local nos permitiu utilizar os banheiros, comentou que a lancheria acabara encerrar o expediente. Também nos informou que recém tínhamos cruzado a ponte sobre Arroio Plums I, que delimita Vale do Sol e Vera Cruz.
Novamente em Santa Maria, Ivan, Valter, Eusa, Helmut, Neci, Caroline, Cristina, Martha, Sérgio, Marta, Lara, e o PF que viajaram com o motorista Fabrício da Viamérica.
Santa Maria, 16 de Abril de 2009.

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