sexta-feira, 24 de julho de 2009

Campos de São José dos Ausentes

Quinta-feira, 27 de Julho de 2006.

Garoava na manhã de quinta-feira quando partimos para os Campos de Cima da Serra. V
oltamos no domingo, numa noite fria e estrelada de lua crescente.
Embarquei no microônibus quando ele estacionou na Rua Gal. Neto esquina com a Rua Conrado Hoffman. Seguimos pela RST 287. Paramos no restaurante Casa Cheia em Venâncio Aires por trinta minutos. Mais adiante, por indicação do Saulo chegamos na Casa da Cuca, em Portão. Ali comemos maças desidratadas. Na cidade de Taquara vimos uma ciclovia bem sinalizada no centro de uma avenida. Seguimos para São Francisco de Paula por uma estrada sinuosa cheia de curvas serpenteando morros. Alguns trechos pareciam túneis verdes de árvores nativas. Surgiu sol quando estávamos chegando nessa cidade. Nos dirigimos até o Km 64 na RS 235 para visitar a fazenda do Sebastião. Antes de entrar na porteira o motorista do microônibus foi manobrar no acostamento e derrapou, porque disse-lhe que poderia seguir que não haveria problemas. Dica incorreta. Atolou !!! Tivemos que descer para empurrar. Era 16:50 h. Entramos. O microônibus ficou estacionado numa parte elevada do terreno. Caminhando pelo campo úmido visualizamos um bosque de pinus e um vale. Conhecemos o gado franqueiro com suas enormes aspas. Andamos até o topo de uma coxilha onde foi construída uma bela casa de alvenaria; entretanto foi numa agradável cozinha do galpão de madeira que fomos recepcionados. O Sebastião nos aguardava com um fogo de chão. O Helmut fez um carreteiro. Jantamos com alface, queijo e vinho. Sentimos o vento frio entrando pelas grandes aberturas na parede, espaços amplos de um pé direito alto. Por ali nossos deslocamentos eram guiados por uma linha tênue de luz. Muitos pinhões cozidos em fogão à lenha na cozinha . Muitas poesias nas paredes. E com toda aquela penumbra o Daniel encontrou um quadro com poesias do seu tio José Hilário, que a Deca leu-a com velas acesas. Ouvimos o Sebastião falar sobre os primordios da ocupação da Região pelos Portugueses. Descreveu seu gosto pela tradição, pela música e pela poesia. Comentou sobre a sua amizade com o poeta João da Cunha Va
rgas. Disse que ele nasceu em Alegrete, viveu 80 anos, e faleceu nessa cidade em 1980. Falou que gravou suas poesias em fita cassete, e que a partir dela, o Vitor Ramil musicou algumas letras. Para nós declamou "Querência". Ressaltou sobre aqueles que acredita serem os quatro grandes da poesia do Rio Grande do Sul, João da Cunha Vargas, José Hilário Retamoso, Aureliano de Figueiredo Pinto e Jaime Caetano Braun. Falou algo sobre o Antonio Manoel Velho, um dos precursores da Região. Ficamos sabendo que a origem da palavra Ausentes, - que dá nome a cidade-, é devido antigos proprietários de terras, que após sua morte ninguém reclamava posse. Nos preparamos para ir embora. Embarcamos, mas o micro não conseguia partir estrada acima lotado conosco. Descemos. Caminhamos sob uma abóbada estrelada. Subimos no veículo e andamos até a porteira que se encontrava fechada com cadeado e corrente. O Valter ligou para o Sebastião. Prontamente ele veio abrí-la. Embora ser um percurso mais longo, ele sugeriu que fossemos por Bom Jesus e não por Cambará do Sul. Tinha chovido e as condições da estrada estava mais difícil. Era 21:35 h. Fomos em direção a Tainhas. Rumamos para Bom Jesus. Na RS 110 andamos em meia pista em alguns trechos devido aos trabalhos de asfaltamento com muitas máquinas estacionadas. Às 00:30 h chegamos numa avenida de Bom Jesus. Paramos para solicitar informações sobre qual direção seguir. Saimos da cidade, andamos mais um pouco, e novamente mais dúvida noutra bifurcação da estrada de chão. O Valter ligou para o proprietário da pousada. O Dalvone nos orientou. Às 02:35 h estávamos na Fazenda Pousada dos Ausentes. Eles nos aguardavam com um lanche em um ambiente aquecido com uma lareira acesa.

Cronometramos o percurso de Santa Maria a São José dos Ausentes:

09h40min, Santa Maria. 10h24min, HUSM. 11h50min, pedágio em Candelária. 12h06min, Trevo de Vera Cruz. 12h30min, pedágio em Venâncio. 12h50min, restaurante Casa Cheia. 13h55min, BR 386, trevo para Montenegro. 14h30min, pedágio em Portão. 14h35min, Casa da Cuca em Portão. 15h20min, pedágio em Novo Hamburgo. 15h40min, Parobé, fabrica da Azaléa. 15h50min, na ciclovia de Taquara. 16h35min, RS 020 com RS 235, para Canela. 16h50min, Km 64 na RS 235 na entrada da fazenda do Sebastião. 21h35min, saimos do galpão. 22h00min, asfalto na RS 020. 22h50min,Tainhas. 23h12min, RS 110 para Bom Jesus. Depois de 19km de asfalto ruim. 00h35min, Bom Jesus. 02h35min, Fazenda Pousada dos Ausentes, depois 41km de estrada ruim de chão batido. De acordo com o odômetro do microônibus rodamos 545km.

Sexta-feira, 28 de Julho de 2006.

A maioria conheceu o local pela primeira vez. Pela manhã visitamos a cidade antes de ir ao Pico do Montenegro com seus 1.403 metros, distante 40Km ao norte da cidade. Abastecemos o microônibus no Posto Petrocesa ao custo de R$ 2,09 o litro de óleo. O veículo teve problemas com o filtro de ar. Falamos com um morador chamado Sérgio Santos, ele indicou a estrada que deveriamos ir. Comentou sobre a gravação de uma novela no Cachoeirão dos Rodrigues. Seguimos. No caminho paramos na localidade chamada Silveira. Observamos a carneação de um charolês, e registramos as enormes aspas de um gusera no galpão na casa do Dirlei. Cruzamos uma ponte de um riacho com águas corredeiras. A vastidão da paisagem com amplos campos entremeados de rios, muitas coxilhas, e verdejantes matas de araucárias começou a nos surpreender. Pouco antes de encontrar o Pico, desembarcamos, e caminhamos pelo campo. O Ivan, o Helmut, o Sérgio, o Valter,  o Josmar e a Deca  andaram morro acima até o topo, contornando ora por um capoeirão, ora por trilha no meio de arvoretas e arbustos tortuosos em terra úmida. Mais atrás foram o Saulo, a Martha e o PF. Era 13h55min. Lá de cima vimos neblina sobre o canion e campos limpos. No retorno paramos na pousada Fazenda Montenegro na beira da estrada. Vimos tocos de araucária sendo usados como bancos no gramado, palas de lã secando na cerca e um cavalo tordilho deitado. Como ainda tinha o sol da tarde voltamos para conhecer o Cachoeirão dos Rodrigues. Durante o percurso paramos na estrada perto de um riacho onde alguns homens estavam trabalhando no conserto de uma ponte. Pregavam uns pranchões de madeira. Conversamos. Permitiram que déssemos algumas marretadas. De ambos os lados carros, e um caminhão carregado com toras de pinus aguardavam para passar. Visitamos a sede da Fazenda Potreirinho. À tardinha chegamos no Cachoeirão dos Rodrigues. Ali tem um rio com uma queda d'água panorâmica, embora maior ela nos lembra um pouco aquela do Rio Guassupi, em São Martinho da Serra. Caminhamos pelo campo
em direção ao mato nativo para ver a cascata. Muito simpáticas as pessoas que nos receberam na pousada. Seu Antonio Sérgio e sua esposa Rosane Salib Nakes (ví os nomes no jornal, ?). Quando partimos, notamos o céu nublar. Logo veio uma garoa. Novamente em Silveira, o Helmut buscou a carne que havia encomendado. Conheci o Leandro, fotógrafo dos cartões postais de São José dos Ausentes. Por volta das 18:50 h estávamos na cidade, sem chuva, e com um belo por do sol. Na noite a temperatura chegou a 3 graus. Jantamos comida caseira; mandioca, arroz, feijão vermelho, carne de panela, salada de alface, tomate, beterraba cozida, pepino, couve crua. Tomamos vinho tinto que o Ivan, o Valter,  o Josmar e o Daniel levaram. Helmut e o Sérgio vinho branco. Na sobremesa um doce típico da região feito de uma fruta chamada gila. No café da manhã encontramos mel e doces, queijo e salame, pães e bolos, mamão cortado com casca e sementes, laranjas, maças não tão boas, bananas, leite, café e água quente. Bolo de milho muito gostoso preparado pela Alva, irmã do Dalvone.

Sábado, 29 de Julho de 2006.

Nos impressionamos quando chegamos na Serra da Rocinha. Fizemos malabarismos no momento do desembarque, para nos equilibrar do vento forte. O micro estacionou por volta das 10:10 h no mirante da Serra. Parecia que iria tombar. Todos sentimos muito frio. Sensação térmica baixíssima. Congelava-se as mãos. O chapéu do Ivan voou, e perdeu-se morro abaixo. Tomamos a graspa que ele levou; quem bebeu pouco quase não sentiu efeito algum. Avistamos vários morros. Notamos a cidade de Timbé do Sul. Vislumbramos a estrada serpenteando os morros. Mais tarde caminhamos estrada abaixo até o local onde tem uma Válvula do Gasoduto Bolívia-Brasil. Lembramos o tronco que o Ivan carregou nos ombros morro acima. O Sérgio e a Marta pegaram carona com o Giovane, um hóspede da pousada. Voltamos na Serra da Rocinha onde o micro ficou estacionado até às 13:20 h. Caminhamos no Vale das Trutas. Pedimos informação para encontrar a cascata do Juvenal que desagua ali no riacho do Vale. O Helmut e o Ivan decidiram andar até as cabanas que se avistam elegantemente do topo da estrada. Encontramos uma siriema caminhando na estrada. Muitos turistas no Vale das Trutas. Alguns almoçaram no restaurante, sopa, truta assada e grelhada. O Helmut comprou trutas, e trouxe-as num isopor. Caminhamos pelos tanques e conhecemos as cabanas. Era 16:00 h quando saimos. Levamos vinte minutos para chegar em São José dos Ausentes. As mulheres visitaram a Loja Araucária. Tinha sol quando chegamos na pousada. Ainda dia caminhamos pelo campo. Vimos um cemitério com os antepassados do Dalvone, e precursores da região. Jantamos cedo. Tomamos muito vinho. Dançamos no salão da pousada. Fui deitar às 02:30 h. Pela manhã ví duas gralhas-azuis voando no pátio. Observamos o gelo formado na superfície da lagoa em frente a pousada, e no barro das estradas. Os copos-de-leite ao lado da cerca de pedra murcharam com a geada.

Domingo, 30 de Julho de 2006.

Nos despedimos numa manhã fria e ensolarada. Paramos em frente ao termômetro gigante na praça central de Ausentes. Almoçamos no Restaurante Costaneira em Cambará do Sul. Partimos para São Francisco de Paula por um trecho bem conservado e sem acostamento. Ao longo da estrada várias plantações de pinus com árvores de diversas alturas. Gado. Os campos estavam com cor de palha seca. Notamos algumas áreas queimadas. Uma lavoura de milho. Pequenos lagos. Muitos riachos. Rumamos para Taquara e chegamos em Três Coroas. Depois de vinte quilômetros rodando numa estrada de chão batido visitamos o templo budista. Permanecemos ali por uma hora. Passamos por Taquara. Começamos a ouvir o primeiro tempo do Grenal, que depois de muito tumulto no Beira-Rio , terminou empatado sem gols. No intervalo do jogo ouvimos Mercedes Sosa e Zeca Balero dos CDs do Daniel, e o Ultrage, do Saulo. Os Almondegas e Nana Caymi, da Deca. Paramos às 20:40 h no restaurante Casa Cheia. A Martha desembarcou em Santa Cruz.

Eis a cronometragem do percurso de São José dos Ausentes a Santa Maria:

10:55 h, pousada. 11:15 h, São José dos Ausentes. 11:50 h, posto de fiscalização. 13:50 h, Cambará S.A. 13:40 h, Cambará do Sul. 14:00h, Restaurante Costaneira. 16:05 H, São Francisco de Paula. 16:30 h, Centro Budista. 18:00 h, Taquara. 18:33 h, RS 239. Pedágio em Campo Bom. 19:10 h, Casa das Cucas em Portão. 19:50 h, BR 386 em Tabaí. 20:40 h, restaurante casa Cheia em Venâncio. 21:15 h, RS 287, pedágio. 21:25 h, Santa Cruz, 5 graus. 21:45 h, RS 287. 21:50 h, trevo de Vera Cruz. 23:30 h, Casa do Helmut. 23:44 h, digital da Fernando Ferrari. Rodamos 490km até Santa Maria. Totalizando ida e volta cerca de 1.189km. Pagamos para empresa Lubro R$ 1.750,00 (hum mil e setecentos e cinquenta reais ) pela ida e retorno de Ausentes, com direito a rodar mais 200km na região.
Os viajantes: Ivan, Eusa, Daniel, Adéli, Cristina, Caroline, Valter, Martha, Ana, Helmut, Neci, Sérgio, Marta, Lara, Josmar, Deca, PF.

Um comentário: